O petróleo bruto é uma substância escura e densa que, em seu estado natural, tem pouca utilidade direta. A mágica da transformação acontece na refinaria, onde a destilação fracionada separa essa mistura complexa em produtos vitais para a sociedade moderna, como gasolina, diesel e asfalto.
Como funciona a separação por destilação fracionada?
O coração da refinaria é a coluna de destilação. O processo começa com o aquecimento do petróleo a cerca de 400°C em um forno gigante. Essa mistura superaquecida entra na torre: a parte que virou vapor sobe, enquanto a parte líquida, mais pesada, desce para o fundo.

O segredo está nas “bandejas de campânula” dentro da torre. À medida que o vapor sobe, ele passa por bandejas com temperaturas cada vez mais baixas. Quando o gás encontra uma zona mais fria que seu ponto de ebulição, ele se condensa e vira líquido novamente. Assim, a torre “fatia” o petróleo: os componentes pesados ficam embaixo e os mais leves, como a gasolina, são coletados no topo.
Etapas do processo na torre:
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Aquecimento do petróleo a 400°C.
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Entrada na torre: vapor sobe, líquido desce.
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Condensação gradual nas bandejas em diferentes alturas.
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Coleta separada de cada produto (frações).
O que acontece com o resíduo pesado que sobra no fundo?
O resíduo que sobra no fundo da torre tem um ponto de ebulição tão alto (acima de 1000°C) que, se aquecido normalmente, as moléculas se destruiriam antes de ferver. Para resolver esse problema, os engenheiros utilizam a destilação a vácuo.
Ao reduzir drasticamente a pressão dentro de uma segunda torre, o ponto de ebulição das substâncias cai. Isso permite que óleos lubrificantes, ceras e asfalto sejam separados em temperaturas muito menores, preservando suas propriedades químicas. É um truque de física que aproveita o princípio de que líquidos fervem mais fácil no vácuo.
É verdade que o volume de produtos finais é maior que o original?
Sim, é um fato curioso da química do petróleo. Um barril de 159 litros de petróleo bruto pode render cerca de 170 litros de produtos refinados. Esse “ganho de processamento” ocorre porque moléculas longas e densas são quebradas (craqueadas) em moléculas menores e menos compactas, ocupando mais espaço.
Para entender a complexa engenharia por trás da produção dos combustíveis que movem o mundo, selecionamos o conteúdo do canal JAES Company Português. No vídeo a seguir, os especialistas detalham visualmente os processos dentro de uma refinaria de petróleo, explicando desde o funcionamento das torres de destilação até a ciência da separação química de componentes como a gasolina e o diesel:
A indústria do petróleo no Brasil, regulada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), monitora de perto essa eficiência. Cada barril refinado se desdobra em uma variedade de produtos essenciais, maximizando o valor extraído da matéria-prima bruta.
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Quais são os principais produtos extraídos de um barril?
A refinaria é uma fábrica de multiprodutos. Do topo da torre saem os gases liquefeitos (GLP), usados em cozinhas. Logo abaixo vêm a gasolina e a nafta, seguidas pelo querosene de aviação e o diesel. No fundo, restam os óleos pesados e o asfalto.
Essa diversidade é crucial para a economia, e os dados de produção são acompanhados por instituições como o IBGE para medir a atividade industrial. A tabela abaixo mostra o rendimento médio dos principais derivados obtidos a partir de um único barril de petróleo.
| Produto Refinado | Rendimento Médio (por barril de 159L) | Uso Principal |
| Gasolina | 73 Litros | Combustível automotivo leve. |
| Diesel | 43 Litros | Transporte de carga e ônibus. |
| Querosene/Jat A-1 | 16 Litros | Combustível de aviação. |
| Outros (Gases, Asfalto) | 38 Litros (aprox.) | Cozinha, indústria e pavimentação. |

