Nos últimos anos, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) tem se destacado como um dos principais componentes das despesas sociais do governo brasileiro. Este benefício, que visa amparar idosos e pessoas com deficiência, experimentou um aumento significativo nos gastos, ultrapassando R$ 50 bilhões nos últimos cinco anos. Tal crescimento é atribuído, em grande parte, às concessões judiciais que têm sido cada vez mais frequentes.
Atualmente, mais de 6 milhões de brasileiros recebem o BPC, um número que cresceu consideravelmente desde junho de 2022, quando eram menos de 5 milhões de beneficiários. O BPC é destinado a idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência de qualquer idade, com o valor equivalente a um salário mínimo, atualmente R$ 1.518. Para ser elegível, a renda familiar per capita deve ser igual ou inferior a 25% do salário mínimo.
Quais são os fatores que impulsionam o aumento das concessões do BPC?
O aumento das concessões do BPC está fortemente ligado às decisões judiciais, especialmente no caso das pessoas com deficiência. Em 2025, estima-se que o governo gastará cerca de R$ 113 bilhões com o BPC, um aumento significativo em relação aos R$ 74 bilhões gastos em 2022. As decisões judiciais representam 25% do total das concessões, muitas vezes sem a devida indicação do Código Internacional de Doenças (CID).
Até setembro de 2024, quase 3 milhões de novas concessões foram feitas para pessoas com deficiência, sendo 711 mil por determinação judicial. A ausência de CID nas decisões judiciais foi um problema até dezembro de 2024, quando uma nova lei passou a exigir o registro do código da doença.

Como as concessões judiciais afetam as finanças públicas?
O impacto das concessões judiciais nas finanças públicas é uma preocupação crescente entre economistas e autoridades governamentais. Muitas vezes, as decisões judiciais são tomadas sem uma perícia adequada ou apresentação de novos elementos, resultando em concessões para indivíduos que não atendem aos critérios estabelecidos. Isso gera um aumento nos gastos públicos, afetando o equilíbrio fiscal do país.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, destacou que muitas decisões judiciais não consideram adequadamente a renda e a vulnerabilidade dos solicitantes, o que pode levar a concessões indevidas. A falta de cumprimento das exigências legais por parte da Justiça contribui para o aumento das despesas com o BPC.
Qual é a opinião dos economistas sobre o reajuste do BPC?
Economistas sugerem que é essencial combater fraudes e irregularidades na concessão do BPC, além de considerar a desvinculação do benefício do salário mínimo. Atualmente, o BPC é reajustado acima da inflação, o que pode gerar desequilíbrios fiscais. A economista Zeina Latif argumenta que o reajuste deve estar alinhado com o desempenho econômico e a produtividade, evitando transferências que não refletem o trabalho dos ativos para os inativos.
Essa abordagem visa garantir a sustentabilidade do benefício, mantendo seu valor real, mas evitando aumentos que possam comprometer as finanças públicas. A discussão sobre a reforma do BPC continua a ser um tema relevante no cenário econômico e social do Brasil.