Na mais recente edição do programa BM&C New Deal, o convidado João Augusto Betenheuzer, CRO da Celero, destacou como “o Open Finance está transformando a relação entre empreendedores e instituições financeiras“. Em um bate-papo informativo e descontraído, foram abordados temas como educação financeira, integração bancária, inteligência artificial e a dificuldade dos pequenos empresários em separar contas pessoais das contas da empresa.
O executivo reforçou que a proposta da Celero é empoderar o micro e pequeno empreendedor por meio de ferramentas que integram dados bancários e financeiros em um só lugar. A plataforma criada pela empresa funciona como um CFO digital para negócios de pequeno porte, organizando entradas, saídas e projeções de caixa com base em dados do Open Finance.
Quem é o empreendedor brasileiro e o papel do Open Finance?
Segundo João, a maioria dos pequenos empresários brasileiros abre o negócio por necessidade ou oportunidade, sem o devido preparo financeiro. A confusão entre finanças pessoais (PF) e finanças da empresa (PJ) é um dos erros mais comuns, presente em mais de 90% dos negócios, inclusive em empresas de médio porte.
Além disso, o empreendedor brasileiro é, muitas vezes, um verdadeiro “torcedor”: abre o negócio com esperança de dar certo, mas sem planejamento, controle de custos ou gestão profissional. Isso explica por que mais da metade das empresas fecha as portas antes de completar cinco anos de existência.
João defende que “a primeira mudança precisa vir do próprio empreendedor, ao reconhecer que é um negócio, mesmo sendo autônomo“. A separação de contas PF e PJ, a criação de uma reserva mínima para a vida pessoal e o controle de custos essenciais, como estoque ou equipe, são pontos de partida para profissionalizar a gestão.
Como os bancos e a tecnologia estão respondendo a esse cenário?
Com a chegada dos neobanks e da digitalização, o setor bancário foi obrigado a se transformar. Betenheuzer lembra que, no passado, o relacionamento com o gerente e os anos de fidelidade com uma única instituição eram fundamentais. “Hoje, o que conta é a experiência digital e a conveniência. O cliente está disposto a trocar de banco por melhores funcionalidades, interfaces amigáveis e ofertas personalizadas“, avalia o especialista.
Nesse sentido, o Open Finance e a inteligência artificial (IA) têm papel central. Ao organizar e categorizar automaticamente dados financeiros, a Celero permite que o banco ofereça produtos personalizados e no momento certo, como crédito, antecipação de recebíveis ou alertas sobre fluxo de caixa negativo. Para o usuário, a plataforma mostra se haverá saldo para pagar as contas da semana e quais medidas tomar caso contrário.
Quais os próximos passos para o Open Finance no Brasil?
O Open Finance já está em seu quinto ano e começa a ganhar força também no mercado de pessoas jurídicas. Segundo João, mais de 40 milhões de consentimentos já foram registrados no sistema, mas ainda falta clareza sobre a troca de valor: “Por que eu, cliente, devo compartilhar meus dados?”
Para vencer essa barreira, ele afirma que a proposta de valor precisa ser rápida e concreta. Uma pesquisa recente da EY apontou que 83% dos PJs aceitariam compartilhar seus dados se tivessem acesso a produtos que realmente os ajudassem, e 1/3 deles estariam dispostos até a pagar por isso.
Como a Celero contribui para essa transformação?
Com clientes como Visa, Serasa, Caixa e cooperativas de crédito, a Celero vem desenvolvendo soluções que integram o software de gestão ao próprio banco. Em vez de criar um ERP pesado, a empresa leva as funcionalidades diretamente para dentro da conta bancária, aproveitando o hábito do usuário de checar o saldo diariamente. Isso garante praticidade e adesão.
Por meio de IA e machine learning, a empresa categoriza despesas, prevê saldos futuros e compara a saúde financeira da empresa com outras similares. Essas funcionalidades, antes acessíveis apenas a grandes empresas com departamentos financeiros estruturados, agora estão ao alcance do pequeno empreendedor.
O futuro é da inteligência embutida no sistema bancário
O modelo da Celero representa uma virada de chave: levar tecnologia de gestão para dentro dos bancos, onde o usuário já está. Com isso, o empreendedor deixa de “rezar” por um saldo positivo e passa a agir de forma proativa. O Open Finance, aliado à IA, permite que o banco compreenda melhor seu cliente, ofereça soluções sob medida e contribua para a saúde financeira do negócio.
Seja no Brasil ou em outros países da América Latina, João acredita que a dor é a mesma: o pequeno empreendedor precisa de apoio real, prático e acessível. E é exatamente isso que as soluções baseadas em dados e conectividade estão entregando, com potencial para transformar o ecossistema financeiro.
