O Carrefour Brasil confirmou que encerrará oficialmente sua operação na B3 na próxima sexta-feira, 30 de maio, conforme comunicado ao mercado. Com isso, o último dia de negociação das ações ordinárias da companhia será nesta data. Já a negociação dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da empresa terá início na segunda-feira, 2 de junho.
Segundo o cronograma da operação, o prazo para exercício do direito de retirada pelos acionistas minoritários se encerrou na última segunda-feira (26). Nos próximos dias, o grupo deve divulgar o resultado do procedimento e efetuar o pagamento de R$ 7,42 por ação, conforme estipulado no protocolo da reorganização societária.
Carrefour busca menos exposição ao risco local
A decisão do Carrefour de sair da bolsa brasileira e migrar para a estrutura de BDRs tem implicações que vão além da simples reorganização técnica. Para Acilio Marinello, fundador da Essentia Consulting e sócio da Digital Mode, o movimento pode sinalizar o início de uma tendência entre multinacionais que operam no país.
“A deslistagem pode ser vista, sim, como uma forma de reduzir o peso operacional e os custos regulatórios de manter capital aberto diretamente no Brasil. Mas ela também reflete uma tentativa de se blindar da instabilidade política e da volatilidade cambial local, especialmente em um setor como o varejo alimentar, que já opera sob forte pressão de margens”, afirma Marinello.
BDRs do Carrefour como alternativa estratégica
Segundo o especialista, o modelo de operação por meio de BDRs oferece mais flexibilidade para multinacionais em termos de governança e movimentações societárias, como fusões e aquisições. “Você desloca o centro da operação acionária para fora, e isso facilita um eventual M&A ou reorganização internacional. É menos exposto à interferência das condições econômicas brasileiras”, explica.
Para Marinello, essa mudança do Carrefour pode ser mais do que um caso isolado. “Talvez estejamos vendo o início de uma tendência estrutural: grupos europeus ou americanos repensando o custo de estar listados na bolsa brasileira, optando por estruturas menos onerosas e com menos exposição ao ambiente doméstico.”
Setor de varejo sob pressão
Além dos custos operacionais e regulatórios, o próprio contexto setorial também pesa. O varejo alimentar enfrenta margens apertadas em meio à inflação persistente, repasse de preços por parte de fornecedores e desaceleração no consumo das famílias. “É um setor que já sente os efeitos da conjuntura macro. Qualquer custo adicional para operar com capital aberto no Brasil pode fazer a diferença na estratégia do grupo”, diz Marinello.
O que acontece agora com os investidores de Carrefour
Com a migração para os BDRs, os acionistas brasileiros continuarão podendo negociar os papéis do Carrefour no mercado local, mas agora sob a forma de recibos representativos das ações emitidas no exterior. A liquidez e a dinâmica de preços passarão a responder mais diretamente às movimentações globais do grupo francês.
















