Rir quando alguém leva um tombo é uma reação quase universal, mas que muitas vezes nos deixa com um sentimento de culpa. A psicologia explica que esse riso raramente vem da maldade, sendo na verdade uma resposta complexa a uma súbita quebra de expectativa e a um sentimento de alívio.
A teoria da superioridade: um riso de alívio e sorte
Uma das teorias mais antigas sobre o humor, proposta por filósofos como Platão e Aristóteles, é a Teoria da Superioridade. Segundo essa visão, rimos das pequenas desgraças dos outros porque, naquele momento, nos sentimos superiores ou afortunados por não estarmos naquela situação embaraçosa, veja abaixo o vídeo do canal Perguntas Inusitadas:
Não se trata de uma superioridade arrogante, mas de um alívio inconsciente. Ao ver a queda, nosso cérebro processa rapidamente a situação e, ao perceber que não somos nós e que a pessoa provavelmente não se machucou gravemente, o riso surge como uma expressão desse alívio repentino.
A quebra de expectativa e o efeito cômico do incongruente
A Teoria da Incongruência é a explicação mais aceita pela psicologia moderna. Ela argumenta que o humor surge quando nossas expectativas são violadas de uma forma não ameaçadora. Nós temos um “roteiro” mental de como as pessoas devem andar: com equilíbrio e coordenação. Um tombo quebra esse roteiro de forma abrupta e inesperada.
O cérebro se depara com essa incongruência – a diferença entre o que esperava ver e o que realmente aconteceu – e o riso funciona como um mecanismo para resolver essa tensão cognitiva. É o mesmo princípio por trás de uma piada: a surpresa de um final inesperado é o que a torna engraçada.
O papel da empatia e do “riso nervoso” como defesa
O riso também pode ser uma defesa, uma forma de liberar a tensão de uma situação potencialmente alarmante. Ver alguém cair gera um pico de adrenalina e ansiedade. Quando nosso cérebro avalia rapidamente que a pessoa está bem, essa energia nervosa precisa ser liberada, e o riso é uma das formas mais comuns de fazer isso.
É uma reação que acontece antes mesmo que a empatia consciente assuma o controle. Por isso, muitas vezes rimos primeiro e só depois perguntamos “Você está bem?”. Essa reação automática é uma mistura de vários fatores psicológicos. O riso ao ver uma queda pode ser motivado por:
- Surpresa: A quebra da normalidade e do padrão de movimento esperado.
- Alívio: A percepção rápida de que a situação não é uma emergência grave.
- Incongruência: O contraste entre a dignidade humana e a falta de jeito do tombo.
- Tensão nervosa: Uma forma de dissipar o susto e a ansiedade iniciais.
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Quando o riso se torna um sinal de falta de empatia?

É crucial diferenciar a reação inicial e involuntária de um comportamento cruel. Se o riso continua mesmo após perceber que a pessoa se machucou de verdade, ou se ele vem acompanhado de zombaria, aí sim ele se torna um sinal de falta de empatia ou até mesmo de Schadenfreude (alegria com o infortúnio alheio).
O contexto é tudo. O riso inicial e espontâneo é uma reação humana perfeitamente normal. No entanto, a nossa resposta subsequente, que envolve oferecer ajuda e mostrar preocupação, é o que verdadeiramente define nosso caráter e nossa capacidade de empatia.
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