No Cryptocast, a especialista em DeFi e IA, Emanuele Dornelas, abriu a caixa-preta de projetos, carreiras e teses que estão moldando o próximo ciclo das criptomoedas. Entre camadas de privacidade, protocolos de empréstimo e vaults geridos por inteligência artificial, ela explicou como navegar um ecossistema em rápida expansão, sem cair nas armadilhas de curto prazo.
Além disso, a convidada compartilhou bastidores do trabalho como embaixadora e gestora de comunidades, destacando o que funciona na prática para engajar usuários e reter valor além de airdrops. Nesse sentido, trouxe também uma visão madura sobre regulação, adoção institucional, tokenização de ativos do mundo real e o papel decisivo de educação e cultura de comunidade para transformar curiosos em usuários recorrentes.
Projetos e casos: por onde o valor está surgindo no universo cripto?
Emanuele atua em múltiplas frentes. Na Ethereum, colabora com a Intmax, uma Layer 2 focada em privacidade que também ambiciona ser um hub de pagamentos. Por outro lado, na BNB Chain, trabalha com a Venus Protocol, um mercado de lending & borrowing que opera majoritariamente no ecossistema da BNB, mas também em redes como Ethereum, Optimism, Arbitrum e zkSync, com governança por DAO.
Enquanto isso, na rede Sui, participa da Nodo, que oferece vaults geridos por IA para maximizar rendimento de forma automatizada e integrada a protocolos parceiros (como o Cetus). A proposta não é fazer trading direcional, e sim orquestrar estratégias dentro do cofre com regras predefinidas e camadas adicionais de automação.
- Intmax (Ethereum): L2 com narrativa de privacidade e pagamentos.
- Venus Protocol (BNB Chain): Empréstimos e garantias em DeFi, com DAO.
- Nodo (Sui): Vaults de rendimento orquestrados por IA e parcerias on-chain.
- HashHeads (Proprietary Trading): Mesa próp. cripto com “desafio” de entrada; divisão 80/20 do lucro e orderbook espelhado da Binance.
Como construir comunidade em cripto sem depender só de airdrops?
Segundo Emanuele, o pilar é cultura: definir valores, linguagem e “quem” é o público. Nesse sentido, a estratégia precisa casar com o roadmap de produto para que a onda de atenção gerada por campanhas e pontos/airdrop se converta em uso real. Caso contrário, o engajamento evapora ao término do incentivo.
- Produto antes do hype: qual dor resolve e por que é melhor do que alternativas existentes?
- Narrativa consistente: missão, valores e tom de voz que criem pertencimento.
- Planos de longo prazo: programas contínuos (educação, XP/pontos, quests) conectados a metas de adoção.
- Métricas que importam: retenção, MAU/DAU, TVL/uso do protocolo e não apenas seguidores.
DeFi hoje: onde estamos e para onde vamos?
O cenário global de DeFi vive uma encruzilhada: de um lado, avança a adoção institucional (bancos, ETFs, meios de pagamento, cartões com cashback em cripto e integrações com apps bancários); de outro, discute-se como regular sem ferir os princípios de descentralização. Além disso, ganham tração as stablecoins e a tokenização de ativos do mundo real (RWA), que conectam liquidez tradicional ao universo on-chain.
Nesse contexto, a convidada reforça que não é produtivo o “8 ou 80” entre Estado e cripto: a infraestrutura tradicional já está no jogo e a maioria dos usuários transita entre on-chain e fiat. Por isso, o debate útil é “como” garantir segurança jurídica mínima sem sufocar inovação, preservando automação, composabilidade e autocustódia onde fizer sentido.
Quais riscos o investidor precisa observar nas criptomoedas?
Ao mesmo tempo em que proliferam produtos e oportunidades, espalham-se golpes em redes sociais e em anúncios questionáveis. Por isso, disciplina de compliance pessoal é inegociável, do cuidado com promessas irreais ao ceticismo diante de “milagres” em comentários patrocinados.
- Cheque o básico: time, código, auditorias, tokenomics, utilidade e governança.
- Desconfie de retornos fáceis: volatilidade e risco são parte do jogo; rendimento sem risco é sinal vermelho.
- Evite links de comentários: priorize fontes oficiais e canais verificados.
- Segurança operacional: carteiras, permissões, approvals e boas práticas de chave/seed.
Carreira em cripto: como entrar e crescer de forma sustentável?
Para quem quer trabalhar com CRIPTOMOEDAS, Emanuele destaca que faltam bons profissionais — especialmente em community, conteúdo e operações. Além disso, o domínio de inglês acelera a inserção internacional e a participação em hackathons, grants e eventos.
- Portfólio vivo: documente projetos, resultados e contribuições on-chain.
- Eventos & networking: participe de conferências e grupos locais.
- Aprendizado contínuo: acompanhe EVM/L2s, novas L1s, padrões (ERCs/SIPs), RWAs e IA aplicada.
- Mindset de builder: entregue valor antes de pedir; proponha melhorias e cadência.
IA encontra DeFi: hype ou vantagem estrutural?
Projetos como a Nodo, na Sui, mostram IA como camada de automação para orquestrar estratégias de yield dentro de vaults. Por outro lado, a tecnologia precisa vir com transparência de parâmetros, controles de risco e auditoria do que o agente automatizado pode, ou não, fazer. Nesse sentido, IA não substitui governança; ela amplia o alcance de estratégias quando bem canalizada.
Em vez de travar uma guerra ideológica, a tendência vencedora é a que define salvaguardas mínimas e clareza tributária, preservando o que torna cripto único: composabilidade, liquidez global, finalidades programáveis e autocustódia. Enquanto isso, a adoção por bancos, emissores de cartões e ETFs amplia o funil de entrada, reforçando a necessidade de educação do usuário final.
Estamos no topo? E agora?
Emanuele é otimista por ver capital institucional e infraestrutura amadurecendo. Ciclos têm altos e baixos, mas a direção de longo prazo é de construção: mais casos de uso reais, mais integrações com o mundo tradicional e mais usuários recorrentes. Por isso, foco em fundamentos, produto, segurança e comunidade, tende a superar ruídos de curto prazo.
No balanço, a entrevista revela um mapa claro: construir produto útil, sustentar comunidade com cultura e propósito, e usar IA e novas camadas de rede como meios e não fins. Além disso, educar e proteger o usuário é tão estratégico quanto inovar. Assim, quem mantiver disciplina, medir o que importa e operar com governança tem chance de capturar o próximo salto das criptomoedas com menos ruído e mais convicção.
















