Com o fim do ano letivo, muitos pais devem se deparar com o reajuste das mensalidades escolares para 2026. Segundo levantamento da empresa de consultoria Grupo Rabbit com 308 instituições em todo o país, o aumento proposto é de 9,8%. Embora o reajuste seja permitido por lei, o advogado Stefano Ribeiro Ferri, especialista em Direito do Consumidor alerta que ele deve sempre refletir custos comprovados da escola, sob pena de ser considerado abusivo. “O reajuste só pode ocorrer uma vez por ano, normalmente no período de renovação da matrícula. Qualquer aumento durante o ano letivo é ilegal, porque o valor pactuado em contrato deve valer até o fim do período letivo”, explica Ferri.
A Lei nº 9.870/99 estabelece que o reajuste deve se basear em variação de custos, como salários de professores, encargos trabalhistas, manutenção e inflação. “A escola precisa comprovar documentalmente os motivos do aumento. Sem essa comprovação, o reajuste é abusivo”, afirma o especialista, que destaca também que, se a inflação do período for menor que o índice aplicado pela escola, os pais têm direito de questionar: “Não existe um teto legal, mas há o princípio da razoabilidade. Um aumento de quase 10% num cenário de inflação de 4% ou 5% pode e deve ser contestado, especialmente se não houver justificativa concreta”.
Entre as medidas que os responsáveis podem adotar estão solicitar a planilha de custos da instituição, registrar reclamação no Procon e, se necessário, acionar o Judiciário. “O consumidor pode pedir a revisão contratual e até a devolução dos valores pagos a mais”, explica o advogado.
Outro ponto importante é a obrigação de transparência. As escolas devem divulgar o valor das mensalidades e o número de vagas com pelo menos 45 dias de antecedência do período de rematrícula. “Se o prazo for desrespeitado, os pais podem denunciar ao Procon e recusar o reajuste, já que não tiveram tempo hábil para decidir”, diz Ferri.
Além do reajuste, o advogado recomenda atenção redobrada aos contratos. “O documento deve indicar o índice e a data do reajuste, prever devolução proporcional em caso de desistência e evitar cláusulas genéricas que permitam aumentos ‘a critério da escola’. Tudo precisa estar escrito de forma clara, em linguagem acessível e sem colocar o consumidor em desvantagem”.
Ferri lembra ainda que o aluno não pode sofrer sanções pedagógicas por inadimplência. “A escola não pode impedir o estudante de assistir às aulas, fazer provas ou acessar boletins. A única consequência possível é a não renovação da matrícula para o próximo período, e mesmo assim sem qualquer tipo de constrangimento”.
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