Com a taxa real de juros de longo prazo voltando aos patamares de 2016 — período anterior ao impeachment de Dilma Rousseff —, a preocupação fiscal voltou a dominar o debate econômico no Brasil. Para Walter Maciel, CEO da AZ Quest, a comparação não é coincidência: “Estamos vivendo um roteiro já conhecido. A desconfiança fiscal está ditando os rumos da economia”.
Década de ouro depende do fiscal
Em entrevista ao programa Strike, da BM&C News, Maciel analisou o impacto da condução econômica do atual governo e destacou que a principal decepção dos agentes de mercado veio após o fracasso do arcabouço fiscal em cumprir suas metas. Segundo ele, o voto de confiança dado ao ministro Fernando Haddad em 2023 não foi retribuído com ações concretas em 2024. “O mercado acreditou e colocou dinheiro. Mas o pacote fiscal nunca veio. Veio perfume, não corte”, criticou.
Governo vs Banco Central
Maciel também ressaltou que a política fiscal expansionista, combinada com um Banco Central atuando no sentido oposto, cria uma espécie de “carro com o pé no acelerador e no freio ao mesmo tempo”, o que gera distorções severas, como juros reais acima de 9%. Para ele, esse ambiente desestimula o investimento produtivo e mantém o país em uma espiral de medo e aversão a risco.
Apesar das críticas, o executivo acredita que o Brasil tem potencial para uma “década de ouro” — impulsionado por setores como petróleo, agro e exportações. “Vamos ser o quarto maior produtor de petróleo do mundo. A chance de virada está clara, mas não podemos estragar esse futuro com irresponsabilidade fiscal”, disse.
Sobre o futuro político, Maciel avalia que a popularidade do governo tende a seguir em queda se não houver correções de rota. E vê a eleição de 2026 como um ponto de virada possível, desde que surjam nomes comprometidos com a responsabilidade fiscal. “Quanto maior a chance de ajuste, maior será a euforia do mercado. E o contrário também é verdadeiro”, concluiu.
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