O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, avaliou que o alerta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre um possível “shutdown fiscal” caso o Congresso derrube o aumento do IOF, é mais um sinal da fragilidade das contas públicas brasileiras e da ausência de um ajuste estrutural na gestão fiscal.
Em entrevista à BM&C News, Agostini afirmou que o risco de paralisação parcial da máquina pública existe, mas que o discurso do governo também tem um caráter político de pressão sobre o Legislativo. “O governo está operando no limite do caixa e tenta manter receitas como o IOF. Mas não se trata apenas de arrecadação: o problema é que o ajuste não está sendo feito do lado da despesa”, afirmou.
Sem ajuste de gastos, governo mantém política fiscal expansionista
Para o economista, o Brasil vive um problema fiscal crônico há pelo menos 40 anos, mas a situação atual se agravou pela insistência em não cortar gastos. Segundo ele, sem reformas como a administrativa, privatizações e revisão do pacto federativo, as contas públicas não vão fechar. “É preciso descentralizar receitas e parar com as benevolências fiscais indiscriminadas. Caso contrário, a inflação vai recair sobre os mais pobres”, alertou.
Agostini pontuou que, embora o governo precise atender às demandas sociais e regionais de um país tão desigual como o Brasil, isso deve ser feito com responsabilidade fiscal. “É necessário organizar a casa, porque quem paga a conta do descontrole fiscal é justamente a parcela mais carente da população, por meio da inflação”, disse.
Fiscal no radar: Congresso reage a aumento de imposto, mas solução estrutural não avança
Na avaliação do economista, o atual impasse em torno da manutenção do IOF expõe uma queda de braço entre Executivo e Congresso. Enquanto o governo tenta manter a arrecadação via medida provisória, o Legislativo busca derrubar o aumento como forma de pressionar por outro tipo de equilíbrio nas contas públicas.
“Não há, até agora, disposição do governo para abandonar a política fiscal expansionista. Ele quer manter indicadores positivos — como queda do desemprego e alta na criação de empregos —, mas sem um ambiente fiscal saudável e com inflação sob controle, esses avanços são insustentáveis”, concluiu Agostini.
















