A ideia de ser multitarefa é uma ilusão porque o cérebro humano não consegue processar duas tarefas que exigem atenção ao mesmo tempo. A psicologia cognitiva revela que, na verdade, estamos apenas alternando o foco rapidamente entre as tarefas, com um alto custo para a produtividade.
O cérebro não é um processador de múltiplos núcleos
O cérebro humano, ao contrário de um computador, possui um “gargalo” de atenção. Isso significa que ele só consegue se concentrar plenamente em uma tarefa cognitiva de cada vez. O que percebemos como ser multitarefa é, na verdade, um processo chamado de “troca de contexto” (context switching), veja abaixo o corte do canal melhortododia em que a Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa comenta sobre multitarefa:
A cada troca, o cérebro precisa desengajar de uma tarefa e carregar as regras e informações da outra. Esse processo, que parece instantâneo, consome tempo e energia mental, levando a uma queda significativa no desempenho e na qualidade do trabalho em ambas as atividades.
Qual o custo real da troca de contexto?
A troca de contexto gera um custo cognitivo que impacta diretamente a eficiência. Estudos de universidades como a de Stanford mostram que pessoas que se consideram “multitarefas crônicas” são, na verdade, piores em filtrar informações irrelevantes, gerenciar a memória de trabalho e, ironicamente, trocar de tarefas.
Cada interrupção, como checar um e-mail no meio da elaboração de um relatório, quebra a concentração e pode levar vários minutos para que o cérebro retome o nível de foco anterior. Os principais custos são:
- Aumento do tempo de conclusão: Fazer duas tarefas “juntas” leva mais tempo do que fazê-las sequencialmente.
- Maior probabilidade de erros: A atenção dividida leva a falhas e descuidos.
- Aumento do estresse e da fadiga mental: A constante troca de contexto é exaustiva para o cérebro.
- Redução da criatividade e do pensamento profundo: É impossível ter um insight enquanto a mente pula de um foco para outro.
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Existem tarefas que podemos fazer simultaneamente?
Sim, mas apenas quando uma das tarefas é altamente automatizada e não exige atenção consciente. É por isso que conseguimos caminhar e conversar ao mesmo tempo. Caminhar é uma ação tão praticada que se tornou automática para o cérebro, liberando os recursos de atenção para a conversa.
No entanto, se a caminhada de repente exigir atenção (como desviar de um obstáculo), a conversa provavelmente será interrompida por um instante. O mesmo vale para dirigir em uma estrada familiar enquanto se ouve música. O problema surge quando tentamos combinar duas ou mais tarefas que competem pelos mesmos recursos cognitivos.
Como treinar o cérebro para o “monotarefa”?

A solução para a ilusão da multitarefa é praticar o “monotarefa” (single-tasking). Isso envolve dedicar blocos de tempo ininterruptos para uma única atividade, eliminando todas as distrações possíveis, como notificações de celular e abas desnecessárias no navegador.
Técnicas como o Método Pomodoro, que intercala 25 minutos de foco intenso com breves pausas, são excelentes para treinar o cérebro a manter a concentração. Ao focar em uma coisa de cada vez, você produzirá um trabalho de maior qualidade, em menos tempo e com menos estresse.
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