A mudança de cor do camaleão é, na verdade, sua principal forma de comunicação para expressar emoções e intenções. Este fenômeno também é uma ferramenta vital para regular a temperatura corporal, sendo a camuflagem um benefício secundário e muitas vezes passivo.
Como funciona essa incrível troca de cores?
A habilidade do camaleão de mudar de cor não vem de pigmentos, mas de uma camada de células especiais na pele chamadas iridóforos. Essas células contêm nanocristais de guanina, organizados em uma espécie de treliça. A mágica acontece quando o camaleão ajusta o espaço entre esses cristais, confira no vídeo abaixo do canal Richard Rasmussen:
Ao relaxar ou excitar sua pele, ele altera a distância entre os nanocristais, o que muda a forma como a luz é refletida. De acordo com pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, uma pele relaxada com cristais próximos reflete a luz azul, enquanto uma pele excitada com cristais afastados reflete cores como amarelo e vermelho.
A cor como um reflexo direto das emoções?
Sim, a comunicação do camaleão é a principal razão por trás de suas mudanças de cor. Ele usa seu corpo como um outdoor para transmitir seu estado de espírito, intenções e status social para outros de sua espécie. É uma linguagem visual complexa e instantânea.
Um macho dominante pode exibir cores vibrantes e ousadas para intimidar um rival ou para cortejar uma fêmea, que por sua vez mostrará cores específicas para indicar se está receptiva ou não. As cores podem sinalizar:
- Cores escuras (marrom, preto): Estresse, medo ou agressão;
- Cores vibrantes (verdes, azuis, amarelos): Excitação, calma ou intenção de acasalar;
- Mudanças rápidas de padrão: Sinal de alerta ou resposta a uma ameaça súbita;
- Cores pálidas: Submissão ou doença.
A temperatura corporal também dita a cor do camaleão
Como répteis de sangue frio, os camaleões dependem de fontes externas para regular sua temperatura, e a cor da pele desempenha um papel crucial nesse processo de termorregulação. Eles alteram ativamente sua tonalidade para otimizar a absorção ou reflexão da luz solar.
Pela manhã ou em dias frios, um camaleão pode escurecer sua pele para uma cor marrom ou quase preta, absorvendo mais calor para se aquecer rapidamente. Já sob o sol forte do meio-dia, ele pode clarear para um verde pálido, refletindo a luz e evitando o superaquecimento. Esse controle térmico ajuda a:
- Absorver calor eficientemente em baixas temperaturas;
- Refletir a luz solar para evitar o superaquecimento;
- Manter uma temperatura corporal ideal para a digestão;
- Economizar energia que seria gasta buscando sol ou sombra.
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E a famosa camuflagem, onde ela entra nessa história?

A camuflagem do camaleão é mais um resultado passivo do que um objetivo ativo. A cor de base de muitas espécies de camaleão já evoluiu para combinar com seu habitat natural, seja o verde das folhas ou o marrom dos galhos. Portanto, quando o animal está calmo e relaxado, ele já está naturalmente camuflado.
A mudança de cor para se esconder de um predador específico é muito menos comum do que se pensa. Na verdade, uma mudança drástica de cor por estresse pode até quebrar sua camuflagem natural, tornando-o mais visível. A camuflagem é melhor entendida como:
- Uma característica evolutiva de sua coloração padrão;
- O resultado de um estado emocional neutro ou relaxado;
- Menos importante que a comunicação e a termorregulação;
- Um mito popularizado, já que a mudança ativa de cor é principalmente social.
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