A palavra que você nunca deve usar em uma negociação de salário é “aceitaria”, pois ela transfere instantaneamente todo o poder para o recrutador, sinalizando o seu valor mínimo em vez do seu valor real e minando sua posição antes mesmo de a conversa começar.
O poder psicológico das palavras em uma negociação
Toda negociação salarial é um jogo psicológico onde a linguagem que você usa define o campo de batalha. Palavras não são apenas sons; elas são âncoras que fixam percepções de valor na mente do recrutador. Ao escolher suas palavras com cuidado, você se posiciona como um profissional valioso e confiante, que entende seu próprio mérito no mercado.
Usar uma linguagem passiva ou hesitante, por outro lado, comunica insegurança e abre a porta para que seu valor seja questionado. A negociação deve ser sempre sobre o que você oferece à empresa e como sua expertise justifica a remuneração desejada, e nunca sobre o mínimo que você está disposto a levar para casa.
Por que a palavra “aceitaria” é tão perigosa?
Usar o termo “aceitaria” (ou suas variações, como “eu aceito a partir de…”) é um erro estratégico fatal por várias razões. Primeiramente, ele imediatamente estabelece o seu piso salarial como o ponto de partida da negociação. Se você diz “eu aceitaria R$ 5.000”, o recrutador não ouvirá nada além de “R$ 5.000”, e qualquer negociação subsequente será para baixar esse valor, e não para aumentá-lo.
Essa palavra remove toda a sua margem de manobra e comunica que você está mais focado em simplesmente conseguir o emprego do que em ser compensado de forma justa pelo seu valor. É um sinal de submissão em um momento em que você deveria estar demonstrando confiança e assertividade.
- Define o piso, não o alvo: A negociação passa a girar em torno do seu limite inferior.
- Transmite falta de confiança: Sinaliza que você não está seguro sobre o seu próprio valor de mercado.
- Encerra a conversa: Transforma uma negociação em potencial em uma proposta de “pegar ou largar” contra você mesmo.
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Alternativas poderosas para usar em vez de “aceitaria”
A chave para uma negociação bem-sucedida é usar uma linguagem que seja ao mesmo tempo firme e colaborativa, focada sempre no seu valor de mercado. Em vez de dizer o que você “aceitaria”, declare sua faixa salarial pesquisada ou seu objetivo com base em dados concretos. A tabela abaixo compara a linguagem passiva com abordagens muito mais eficazes.
| Frase Fraca (Com “Aceitaria”) | Frase Forte (Focada em Valor) |
|---|---|
| “Eu aceitaria algo em torno de R$ 7.000.” | “Com base na minha experiência e nas responsabilidades do cargo, minha pretensão salarial está na faixa de R$ 8.000 a R$ 9.000.” |
| “A oferta de R$ 6.000 é um pouco baixa, mas eu aceitaria.” | “Agradeço a oferta. Considerando minhas qualificações e o valor que posso agregar, meu objetivo é um salário mais próximo de R$ 7.500. Podemos discutir isso?” |
| “Eu aceitaria qualquer valor justo.” | “Minha pesquisa de mercado para posições semelhantes em empresas como a [Nome da Empresa] indica uma faixa salarial entre R$ X e R$ Y. É com essa faixa que estou trabalhando.” |
Como a pesquisa salarial fortalece sua posição?

A melhor arma em qualquer negociação é a informação. Antes de sequer entrar na sala (ou na chamada de vídeo), você precisa ter feito sua lição de casa. Pesquise exaustivamente a média salarial para o seu cargo, nível de experiência e localização geográfica em plataformas como o Glassdoor, LinkedIn e outros guias salariais.
Chegar com dados concretos transforma a conversa. Você não está mais expressando um desejo pessoal, mas apresentando um fato de mercado. Isso move a discussão do campo subjetivo (“eu acho que mereço”) para o objetivo (“o mercado paga isso por essa função”), o que torna sua posição muito mais difícil de ser contestada e elimina a necessidade de usar palavras fracas como “aceitaria”.
A preparação mental: o passo antes das palavras
Nenhuma palavra ou técnica de negociação funcionará se você não acreditar genuinamente no seu próprio valor. A preparação mental é tão importante quanto a pesquisa. Antes da conversa, liste suas principais conquistas, qualificações e os resultados que você gerou em posições anteriores. Quantifique seus sucessos sempre que possível (ex: “aumentei as vendas em 15%”).
Pratique sua fala em voz alta. Simule a conversa com um amigo ou em frente ao espelho. Quanto mais confortável você estiver com seu discurso, mais confiante parecerá. Lembre-se: você não está pedindo um favor, está negociando uma parceria profissional onde seu talento e trabalho serão trocados por uma remuneração justa. A confiança é a base sobre a qual as palavras certas são construídas.








