Colocar gasolina de avião em um carro comum causa danos severos e quase imediatos ao motor e ao sistema de exaustão. A composição química deste combustível é totalmente incompatível com a tecnologia automotiva moderna.
A principal diferença está no chumbo e na octanagem
A gasolina de avião, conhecida como AvGas, difere radicalmente da gasolina automotiva. A sua principal característica é a presença de chumbo tetraetila (TEL), um aditivo usado para aumentar a octanagem e proteger os motores de aeronaves, que operam sob condições muito diferentes das de um carro, veja abaixo o vídeo do canal historiaemcorte:
Desde a década de 90, os carros são projetados para funcionar com gasolina sem chumbo. O chumbo é um veneno para os componentes do sistema de controle de emissões, como o conversor catalítico e os sensores de oxigênio, e sua presença anula a função desses sistemas em questão de minutos.
Quais são os danos imediatos ao motor do carro?
O dano mais rápido e caro ocorre no conversor catalítico. O chumbo presente na AvGas reveste os metais preciosos (platina, paládio e ródio) que compõem o catalisador, tornando-o inoperante. Isso cria um entupimento no sistema de escapamento, o que pode fazer o motor parar de funcionar completamente.
Os sensores de oxigênio, que medem a mistura de ar e combustível, também são rapidamente contaminados pelo chumbo, enviando leituras incorretas para o computador do carro. Isso desregula toda a injeção de combustível, causando falhas, perda de potência e aumento no consumo. Os principais componentes afetados são:
- Conversor catalítico: Fica permanentemente danificado e entupido pelo chumbo.
- Sensores de oxigênio: São “envenenados” pelo chumbo, desregulando a injeção eletrônica.
- Velas de ignição: Podem ser contaminadas com depósitos de chumbo, causando falhas na centelha.
- Sistema de combustível: O chumbo pode se acumular e danificar bicos injetores e a bomba de combustível.
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E se for combustível de avião a jato?
Colocar combustível de avião a jato (Jet Fuel) em um carro a gasolina é ainda mais desastroso. Esse combustível é, na essência, um tipo de querosene, projetado para motores de turbina, não para motores de pistão com ignição por vela. Ele não tem a volatilidade necessária para vaporizar e queimar corretamente em um motor de ciclo Otto.
O resultado é que o motor provavelmente nem ligará. Se ligar, funcionará de forma extremamente precária, com muita fumaça, batidas de pino severas (detonação) e, muito provavelmente, sofrerá danos internos catastróficos em um curto espaço de tempo, podendo até travar.
Existe algum carro que pode usar gasolina de avião?

Embora seja impossível para um carro de rua moderno, alguns veículos de competição, como carros de arrancada (dragsters) ou de categorias específicas de corrida, podem usar AvGas. Seus motores são construídos com materiais robustos, altíssimas taxas de compressão e não possuem sistemas de controle de emissões.
Esses motores são projetados especificamente para tirar proveito da alta octanagem (100 ou mais) da AvGas. No entanto, esta é uma aplicação de nicho extremo e não tem nenhuma relação com os veículos que usamos no dia a dia, conforme regulamentado por agências como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no Brasil.
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