Ao misturar gasolina e etanol em um carro flex, o motor ajusta-se automaticamente para queimar a nova proporção de combustível de forma eficiente. Essa tecnologia permite que o veículo opere com qualquer mistura, mas o desempenho e o consumo variam significativamente dependendo da quantidade de cada combustível no tanque.
O motor flex foi projetado para essa versatilidade
A magia dos motores flex está em sua capacidade de adaptação, graças a um componente chamado sonda lambda. Localizado no sistema de escapamento, este sensor “lê” a quantidade de oxigênio nos gases da queima e informa à central de injeção eletrônica (ECU) qual é a mistura de combustível presente.

Com essa informação, a ECU ajusta em tempo real parâmetros cruciais, como o tempo de ignição e a quantidade de combustível injetado nos cilindros. Se há mais etanol, ela injeta mais combustível; se há mais gasolina, ela injeta menos, garantindo sempre a queima mais eficiente possível.
Como a proporção afeta o desempenho e o consumo?
A relação entre desempenho e consumo muda drasticamente com a mistura. O etanol possui uma octanagem maior, o que permite ao motor trabalhar com uma taxa de compressão mais alta, resultando em mais potência e torque. É por isso que muitos motoristas sentem o carro “mais forte” com etanol.
Por outro lado, a gasolina tem uma densidade energética maior, ou seja, ela libera mais energia por litro. Isso significa que, com gasolina, o carro roda mais quilômetros com o mesmo tanque. A escolha da mistura impacta diretamente:
- Mais Etanol: Maior potência, mas também maior consumo de combustível;
- Mais Gasolina: Potência ligeiramente menor, mas maior autonomia (menor consumo);
- A famosa regra dos 70%: Não é uma regra para o motor, mas um cálculo de custo-benefício para o bolso do motorista;
- Qualquer proporção é válida: O motor se adapta continuamente, de 0% a 100% de qualquer um dos combustíveis.
A partida a frio e a influência da mistura
Um dos maiores desafios do etanol é sua dificuldade de vaporizar em temperaturas baixas, o que pode dificultar a partida a frio. Carros flex mais antigos resolviam isso com um pequeno reservatório de gasolina, o famoso “tanquinho”, que injetava um pouco de gasolina para iniciar a combustão.
Os sistemas mais modernos eliminaram o tanquinho através de tecnologias que pré-aquecem o etanol nos bicos injetores antes da partida. De qualquer forma, uma mistura com uma proporção maior de gasolina sempre facilitará a ignição do motor em dias frios.
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Mitos e verdades sobre misturar combustíveis no carro flex
Existem muitos mitos sobre a mistura de combustíveis que geram dúvidas nos motoristas. O mais comum é a ideia de que é preciso “avisar” o carro sobre a troca de combustível, rodando alguns quilômetros antes de desligar. Isso é falso; a sonda lambda faz a leitura e a adaptação de forma imediata. Veja abaixo o vídeo do Boris Feldman no canal Vrum:
Outro mito é que a mistura pode “viciar” ou danificar o motor. A verdade é que os motores flex foram exaustivamente testados para suportar essa variação. Os únicos riscos reais estão em usar combustível de má qualidade ou misturar em um carro que não é flex. Fique atento:
- Mito: É preciso esgotar o tanque para trocar de combustível. Verdade: Pode abastecer a qualquer momento;
- Mito: A mistura “limpa” o motor. Verdade: Ambos os combustíveis já contêm aditivos de limpeza;
- Mito: O motor pode “esquecer” qual combustível está usando. Verdade: A leitura é contínua e a adaptação é instantânea;
- Atenção: Nunca misture combustíveis em um carro que não seja projetado para isso (não-flex).
Gostou de entender a tecnologia por trás do seu carro flex? Compartilhe essa informação com quem ainda tem dúvidas sobre como abastecer!








