Pessoas que usam óculos são frequentemente vistas como mais inteligentes devido a um forte estereótipo cultural que associa a visão corrigida com a leitura e atividades intelectuais. Essa percepção é um atalho mental, uma forma de nosso cérebro fazer julgamentos rápidos com base em associações históricas.
A raiz histórica do estereótipo do ‘intelectual de óculos’
A origem do estereótipo está ligada à própria história dos óculos. Quando foram inventados, por volta do século XIII, a leitura e a escrita eram privilégios de uma pequena elite, formada principalmente por clérigos, nobres e acadêmicos. Os óculos eram uma ferramenta cara e acessível apenas para aqueles que passavam horas debruçados sobre os livros.
Essa conexão direta entre o acessório e a atividade intelectual criou uma associação poderosa que perdura há séculos. A imagem do estudioso de óculos se consolidou na arte, na literatura e, mais tarde, no cinema, reforçando a ideia de que os óculos são um símbolo externo de um mundo interior rico em conhecimento.
O que a psicologia diz sobre essa percepção?
A psicologia social explica esse fenômeno como um tipo de viés cognitivo. Nosso cérebro cria estereótipos para simplificar o processamento de informações sobre o mundo social. O “estereótipo dos óculos” funciona como um desses atalhos: ao vermos alguém de óculos, ativamos automaticamente o conceito de inteligência, honestidade e diligência.
Diversos estudos confirmam essa percepção. Pesquisas do Colégio de Optometristas do Reino Unido, por exemplo, mostraram que um terço dos britânicos acredita que usar óculos faz uma pessoa parecer mais profissional. Em simulações de julgamentos, réus de óculos são muitas vezes percebidos como mais confiáveis e menos culpados.
Existe alguma correlação real entre miopia e QI?
Curiosamente, a ciência encontrou uma pequena correlação entre a necessidade de usar óculos e a inteligência. Grandes estudos genéticos, como um publicado na revista Nature Communications por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, encontraram uma sobreposição genética significativa entre traços associados à função cognitiva e a miopia.
É crucial entender que correlação não significa causalidade. A ligação pode ser explicada por fatores de estilo de vida: pessoas com QI mais alto tendem a passar mais tempo lendo e estudando, atividades que podem aumentar o risco de desenvolver miopia. Portanto, os óculos não causam inteligência, mas ambos podem estar ligados a hábitos ou genes comuns.
Como os óculos influenciam a primeira impressão?

Os óculos são um acessório poderoso na formação da primeira impressão porque alteram a percepção do rosto de uma pessoa. Eles podem suavizar traços, chamar a atenção para os olhos e projetar uma aura de seriedade e atenção. Essa mudança sutil na aparência reforça os estereótipos positivos que já associamos a eles. Algumas das percepções comuns são:
- Honestidade: A imagem de “nerd” ou estudioso é frequentemente associada à sinceridade.
- Competência: Em ambientes profissionais, transmitem uma imagem de preparo e dedicação.
- Menor Agressividade: Pessoas de óculos podem ser vistas como menos intimidantes fisicamente.
- Profissionalismo: O acessório se tornou quase um uniforme em certas áreas corporativas e acadêmicas.
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