Engenheiros decidiram nunca endireitar completamente a Torre de Pisa para preservar sua identidade única e mundialmente famosa. A inclinação é o defeito que transformou a estrutura em um dos monumentos mais amados e visitados do planeta.
O erro de projeto que deu origem a um ícone
A famosa inclinação da Torre de Pisa começou durante sua construção, no século XII. O problema foi uma fundação de apenas três metros de profundidade, construída sobre um subsolo denso, mas instável, composto por argila mole e areia. A torre começou a inclinar para o sul assim que a construção chegou ao terceiro andar, no vídeo abaixo você pode ver como é a Torre por dentro:
A construção foi interrompida por quase um século, o que, por sorte, permitiu que o solo se compactasse e assentasse. Essa pausa provavelmente evitou que a torre desabasse ainda na Idade Média. Ao longo dos séculos, engenheiros tentaram compensar a inclinação construindo os andares superiores com um lado mais alto que o outro.
Salvar a torre sem acabar com sua fama
No final do século XX, a inclinação havia se tornado tão severa que a torre corria risco iminente de colapso, sendo fechada ao público em 1990. Um comitê internacional de especialistas foi formado para encontrar uma solução que garantisse a segurança da estrutura sem eliminar sua característica mais famosa.
O desafio era complexo e exigia uma abordagem delicada. Qualquer intervenção agressiva poderia desestabilizar ainda mais a torre ou causar danos irreparáveis à sua estrutura histórica. As principais dificuldades envolviam:
- Estabilizar uma estrutura de 14.500 toneladas;
- Trabalhar em um solo extremamente compressível e sensível;
- Reduzir a inclinação apenas o suficiente para garantir a segurança;
- Preservar a integridade histórica e a aparência do monumento.
Leia também: Como ler um livro toda semana sem precisar de mais tempo livre – BMC NEWS
A solução engenhosa que reduziu a inclinação
A solução final foi liderada pelo engenheiro britânico John Burland e é considerada uma obra-prima da engenharia geotécnica. Em vez de empurrar a torre ou adicionar suportes visíveis, a equipe optou por uma técnica chamada extração de solo. O processo envolveu a perfuração cuidadosa de tubos sob o lado norte da fundação (o lado elevado).
Pequenas quantidades de solo foram removidas através desses tubos, fazendo com que a torre se assentasse suavemente naquela direção. Ao longo de vários anos, a inclinação foi reduzida em cerca de 45 centímetros, um recuo que a trouxe de volta a um ângulo seguro, semelhante ao que tinha no início do século XIX, garantindo sua estabilidade por pelo menos mais 300 anos.
Manter a inclinação: uma decisão de marketing e patrimônio

A decisão de não endireitar a torre completamente foi consciente e estratégica. O comitê, o governo italiano e a cidade de Pisa sabiam que uma torre reta não teria o mesmo apelo. A “imperfeição” da Torre de Pisa é seu maior trunfo, atraindo milhões de turistas anualmente.
Endireitá-la seria como apagar sua história e destruir a identidade que a tornou um ícone global. A intervenção bem-sucedida encontrou o equilíbrio perfeito entre segurança estrutural e a preservação de um valioso patrimônio cultural e turístico.
Gostou de saber mais sobre essa maravilha da engenharia? Compartilhe essa história com alguém que sonha em visitar a Itália e tirar a famosa foto segurando a torre!








