A NASA não joga as fezes dos astronautas no espaço; elas são coletadas, compactadas em recipientes especiais e armazenadas para descarte. A urina, por outro lado, é reciclada e transformada em água potável, esses dejetos sólidos são colocados em naves de carga que, ao reentrarem na atmosfera da Terra, queimam completamente como estrelas cadentes.
O banheiro espacial funciona com sucção e não com água
O banheiro no espaço, oficialmente chamado de Sistema Universal de Gerenciamento de Resíduos (UWMS), é uma maravilha da engenharia projetada para operar em microgravidade. Como não há gravidade para direcionar os dejetos, o sistema utiliza um potente fluxo de ar para sugar a urina e as fezes para os recipientes corretos, confira no vídeo abaixo a explicação do astronauta brasileiro, Marcos Pontes:
Os astronautas usam um funil conectado a uma mangueira para urinar e se posicionam sobre uma abertura do tamanho de um prato de pão para defecar. É crucial que eles se alinhem perfeitamente para que a sucção funcione, evitando que os resíduos escapem e flutuem pela cabine, o que representaria um sério risco biológico.
Para onde vão os dejetos sólidos?
As fezes dos astronautas são sugadas para um saco especial que fica dentro de uma lata de metal. Após o uso, o astronauta fecha o saco e o empurra para dentro do recipiente, que vai compactando e armazenando os dejetos de toda a tripulação. Quando um desses recipientes fica cheio, ele é descartado de forma planejada.
O processo de descarte é fascinante e segue um ciclo logístico preciso. A lata cheia de dejetos é transferida para uma nave de carga não tripulada, como a Cygnus da Northrop Grumman, que leva suprimentos para a Estação Espacial Internacional (ISS). O ciclo de descarte segue estes passos:
- As fezes são coletadas em sacos e armazenadas em um contêiner a bordo da ISS.
- Quando o contêiner está cheio, ele é transferido para uma nave de carga que está prestes a deixar a estação.
- A nave de carga se desacopla da ISS e inicia sua jornada de volta à Terra.
- Ao reentrar na atmosfera terrestre em alta velocidade, a nave e todo o seu conteúdo, incluindo as fezes, são incinerados pelo atrito com o ar.
A urina tem um destino muito mais nobre: vira água potável
Diferente das fezes, a urina dos astronautas é considerada um recurso valioso demais para ser descartada. Ela, junto com o suor e a umidade do ar, é coletada e enviada para um complexo sistema de purificação chamado Water Processor Assembly (WPA). Esse sistema filtra, destila e trata a água residual até que ela se torne potável.
O resultado é uma água mais pura do que a que bebemos na maioria das cidades da Terra. A astronauta veterana da NASA, Peggy Whitson, já explicou que, no espaço, o conceito de “reciclagem” é levado ao extremo. Como diz a famosa piada entre os tripulantes da ISS: “O café de hoje é o café de amanhã”.
Por que as fezes não podem ser simplesmente ejetadas no espaço?

Ejetar dejetos sólidos no espaço seria uma péssima ideia por uma razão muito importante: o lixo orbital. Qualquer objeto sólido, por menor que seja, lançado em órbita se transforma em um projétil perigoso. Ele viajaria a velocidades superiores a 28.000 km/h, representando uma ameaça de colisão para a própria Estação Espacial Internacional, satélites e futuras missões espaciais.
A regra de ouro da exploração espacial é não gerar mais lixo orbital. Portanto, tudo que não pode ser reciclado, como as fezes e outros resíduos sólidos, deve ser armazenado e descartado de forma controlada, garantindo a segurança e a sustentabilidade das operações no espaço.
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