É mais difícil fazer novos amigos depois dos 30 porque as estruturas da vida adulta, como carreira, família e rotinas estabelecidas, reduzem drasticamente as oportunidades para as interações espontâneas que formam laços.
A mudança nas prioridades e a falta de tempo são os principais vilões
Na vida adulta, as prioridades mudam drasticamente. O tempo que antes era dedicado à socialização e à descoberta agora é preenchido com responsabilidades profissionais, cuidados com a família e a gestão da própria casa. A energia disponível para investir em novas relações simplesmente diminui.
Essa escassez de tempo cria uma barreira natural. Conhecer alguém novo exige esforço, coordenação de agendas e iniciativa, um contraste gritante com a facilidade de encontrar amigos no corredor da faculdade ou em festas de fim de semana na juventude.
Por que a universidade era um terreno tão fértil para amizades?
O ambiente universitário é um ecossistema perfeito para a amizade por conter três elementos-chave que a sociologia aponta como cruciais para a formação de laços. Esses elementos desaparecem gradualmente na vida adulta, tornando o processo de fazer amigos muito mais intencional e menos orgânico.
A psicóloga Dra. Marisa G. Franco, autora de livros sobre o tema, explica que a amizade floresce em ambientes que proporcionam encontros frequentes e informais. A faculdade oferecia exatamente isso. Os ingredientes mágicos eram:
- Proximidade contínua: Ver as mesmas pessoas todos os dias em aulas e no campus.
- Interações não planejadas: Encontros casuais que acontecem sem esforço.
- Vulnerabilidade compartilhada: Enfrentar os mesmos desafios e provas juntos cria um laço de cumplicidade.
- Tempo livre e disponível: Menos responsabilidades e mais abertura para atividades sociais espontâneas.
A vulnerabilidade se torna um obstáculo maior na vida adulta

Na juventude, a vulnerabilidade é quase um padrão. Estamos descobrindo quem somos, compartilhamos medos e sonhos com mais facilidade. Depois dos 30, com identidades mais consolidadas e experiências passadas (incluindo decepções), erguer um muro emocional se torna um mecanismo de defesa comum.
Abrir-se para uma pessoa nova exige um nível de confiança que leva tempo para ser construído. O medo da rejeição ou de ser mal interpretado é mais forte, e muitas vezes preferimos a segurança do nosso pequeno círculo de amigos já existente a nos arriscarmos em uma nova conexão que pode não dar em nada.
Como os círculos sociais existentes nos limitam?
Após os 30, a maioria das pessoas já tem um círculo social estabelecido, composto por amigos de longa data, família e colegas de trabalho. Esse grupo, embora valioso, pode criar uma “bolha social” que nos impede de conhecer pessoas com perspectivas e interesses diferentes.
Além disso, o tempo social tende a ser gasto mantendo essas relações existentes, que são importantes e demandam atenção. A consequência é que sobra pouco espaço na “agenda social” para cultivar novas amizades do zero, tornando o processo uma escolha consciente de alocação de tempo e energia.
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