A necessidade de manter o volume da televisão em números pares ou múltiplos de 5, segundo a Psicologia, reflete uma busca inconsciente por ordem, controle e previsibilidade em um mundo que frequentemente parece caótico.
Na grande maioria dos casos, esse comportamento é apenas uma preferência inofensiva, um pequeno ritual que traz uma sensação de conforto e “certeza”, mas também pode ser um eco de traços de ansiedade.
A busca por ordem e controle em pequenos rituais
O desejo por padrões é uma característica fundamental do cérebro humano. Nós naturalmente procuramos simetria, lógica e finalização nas coisas ao nosso redor, pois isso torna o mundo mais fácil de processar e entender. Manter o volume da TV em um número “limpo” como 20 ou 22, em vez de um “quebrado” como 19 ou 21, satisfaz essa necessidade intrínseca de harmonia.
Para a Psicologia Cognitiva, esse ato pode ser visto como uma forma de exercer microcontrole sobre o ambiente. Em um dia estressante, onde muitas coisas fogem do nosso controle, ajustar o volume para um número que “parece certo” oferece uma pequena, mas imediata, sensação de poder e estabilidade. É o seu cérebro dizendo: “Pelo menos isso, eu posso organizar e deixar perfeito”.
Isso é um sinal de Ansiedade ou TOC?
É crucial diferenciar uma simples preferência de um sintoma clínico. Para a maioria das pessoas, ajustar o volume é apenas uma mania ou um hábito peculiar. Você pode sentir um leve desconforto se alguém deixar no 17, mas consegue seguir com a vida. O problema surge quando essa necessidade se torna rígida e causa sofrimento real.
O comportamento pode estar associado a um quadro de Ansiedade ou ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) quando a incapacidade de ajustar o número gera uma angústia significativa. No TOC, a pessoa pode sentir que algo terrível acontecerá se o volume permanecer em um número “errado”, e o ato de mudar se torna uma compulsão para neutralizar esse medo irracional. Dica rápida: a principal diferença está na intensidade do sofrimento e no impacto que o comportamento tem na sua rotina e bem-estar.
- Preferência Comum: Um leve incômodo ou a sensação de que o número “não está certo”, mas é algo que você pode ignorar se precisar.
- Sinal de Alerta (TOC/Ansiedade): Sentir uma ansiedade crescente, pensamentos intrusivos ou a crença de que algo ruim pode acontecer se o volume não for “corrigido”.
- Impacto na Vida: A preferência não interfere nas suas relações. O transtorno pode causar discussões ou a necessidade de pausar tudo para realizar o ritual.
Por que números pares e múltiplos de 5 parecem mais “corretos”?
A preferência por certos números está enraizada na forma como nosso cérebro processa informações. Números pares são divisíveis por 2, o que lhes confere uma sensação de equilíbrio e estabilidade. Múltiplos de 5 (e 10) são a base do nosso sistema decimal, tornando-os pontos de referência naturais e visualmente “limpos” em nossa mente.
Um número como 23, por ser primo e ímpar, pode ser percebido como incompleto, instável ou assimétrico. Essa sensação de “errado” não é lógica, mas sim emocional e perceptual. É o mesmo princípio que nos faz querer endireitar um quadro torto na parede ou alinhar objetos em uma mesa. O cérebro simplesmente prefere a ordem e gasta menos energia cognitiva processando padrões familiares e simétricos.
Outras ‘manias’ comuns com a mesma origem psicológica
A necessidade de ajustar o volume da TV raramente vem sozinha e faz parte de um espectro de comportamentos que buscam criar ordem e previsibilidade. Se você se identifica com a questão do volume, talvez também reconheça outras pequenas manias no seu dia a dia que partem do mesmo princípio psicológico.
Esses rituais, quando não causam sofrimento, são formas criativas que nossa mente encontra para organizar a experiência e trazer um senso de calma. Eles são janelas fascinantes para a maneira como nosso cérebro lida com a complexidade do mundo, transformando pequenas ações em fontes de conforto e segurança.
- Organizar objetos por cor, tamanho ou em perfeita simetria.
- Evitar pisar nas rachaduras da calçada, preferindo sempre o centro dos ladrilhos.
- Precisar comer os alimentos no prato em uma ordem específica.
- Checar repetidamente se portas, janelas e o gás estão fechados antes de sair.
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Quando e como lidar com essa necessidade?

Se a mania do volume ou qualquer outro ritual estiver causando estresse para você ou para as pessoas ao seu redor, pode ser um sinal de que vale a pena dar um passo atrás e observar. A abordagem não é lutar contra o hábito, mas entender a emoção por trás dele. Pergunte a si mesmo: “O que eu sinto quando o volume está em um número ímpar? É apenas um desconforto ou é um medo real?”.
Para casos leves, praticar a flexibilidade de forma consciente pode ajudar. Tente, por um minuto, deixar o volume em um número “errado” e observe que nada de ruim acontece. Essa é uma técnica simples inspirada na Terapia Cognitivo-Comportamental. No entanto, se a angústia for intensa e incontrolável, o ideal é conversar com um profissional, como um Psicólogo, que pode ajudar a entender a raiz dessa ansiedade e desenvolver estratégias saudáveis para lidar com ela.
Entender essas pequenas manias é uma forma de autoconhecimento, revelando as engrenagens silenciosas da nossa mente em sua busca constante por harmonia.








