Embora a noção de um dia terrestre seja amplamente entendida como um período de 24 horas, a realidade é que essa medida de tempo não reflete com precisão as complexidades do movimento da Terra. Os dias, definidos pelo ciclo rotacional da Terra em torno de seu eixo, variam ligeiramente em duração devido a uma combinação de fatores naturais. Devido a essas variações, o tempo real de um dia pode ser ligeiramente mais longo ou mais curto do que essas 24 horas exatas que se convencionou utilizar.
Um dos principais motivos dessa discrepância é que a rotação da Terra não é perfeitamente constante. A velocidade de rotação do planeta sofre influências de várias forças, como a força gravitacional exercida pela Lua e pelo Sol. Podemos chamar esse fenômeno de “precessão”. A Terra possui um formato levemente achatado nos polos e isso, juntamente com as forças gravitacionais externas, faz com que o planeta balance levemente, alterando a velocidade da rotação.
Como as marés influenciam a rotação da Terra?
Outro fator significativo que afeta a duração do dia é a interação entre a Terra e a Lua. A força gravitacional da Lua exerce uma tração sobre a Terra, criando marés nos oceanos. Esse efeito arrasta água no sentido da rotação da Terra, gerando uma resistência que atua como um freio sobre a rotação terrestre. Esse fenômeno, conhecido como “atrito de maré”, gradualmente torna a rotação da Terra mais lenta, prolongando o comprimento do dia ao longo de milhares de anos.
Estima-se que há cerca de 400 milhões de anos, um dia na Terra tinha apenas 22 horas. Essa mudança ocorre de maneira muito lenta, mas é mensurável ao longo de grandes períodos de tempo. A medição precisa dessas variações no comprimento do dia é feita por meio de relógios atômicos e observações astronômicas.
Os fenômenos naturais também afetam o tempo?
A atividade sísmica e as mudanças ocorridas na crosta terrestre também desempenham um papel nas flutuações da rotação. Grandes terremotos podem redistribuir a massa da Terra, alterando seu momento de inércia e, por conseguinte, influenciando a velocidade da rotação. Esses eventos geralmente resultam em mudanças quase imperceptíveis na duração do dia, mas em casos excepcionais, como o terremoto de Tohoku em 2011 no Japão, eles podem ter um impacto sutilmente significativo.
Por que utilizamos então o padrão de 24 horas?

Dadas essas variações, surge a questão: por que ainda usamos o padrão de 24 horas? Essa convenção existe por razões práticas, facilitando a medição e a coordenação do tempo em nossa vida diária. Para alcançar essa uniformidade, utiliza-se o “tempo universal coordenado” (UTC), que é ajustado periodicamente com a adição de “segundos bissextos” para alinhar nossos relógios com a rotação da Terra.
Em resumo, a noção de que o dia possui exatamente 24 horas é uma simplificação adotada para conveniência e padronização, mas não corresponde perfeitamente à realidade dos movimentos e interações complexas que governam o sistema Terra-Marte. Compreender essas nuances é fundamental para a precisão científica e para o avanço de nossos conhecimentos sobre o mundo em que vivemos.








