A Black Friday 2025 deve movimentar o comércio eletrônico brasileiro e bater recordes de faturamento. De acordo com a Neotrust, a data deve gerar R$ 11 bilhões em vendas, uma alta de 17% em relação ao ano anterior. Mas, junto com o aumento das compras, cresce também o risco de fraudes digitais.
Um levantamento do Reclame AQUI mostra que 63% dos consumidores não conseguem identificar golpes feitos com o uso de inteligência artificial, como páginas falsas ou vozes clonadas em supostos contatos de “suporte”. Já a Kaspersky detectou 553 milhões de tentativas de phishing nos últimos 12 meses, um aumento de 80% frente ao ano anterior.
Nesse contexto, o advogado Marco Antonio Araujo Júnior, presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB, alerta que “a cada ano cresce o número de fraudes eletrônicas envolvendo compras on-line, desde páginas falsas até perfis em redes sociais que se aproveitam do apelo das promoções para enganar o consumidor”.
Segundo o especialista, os golpes se tornaram mais sutis e personalizados, explorando o comportamento do consumidor e o excesso de confiança em campanhas conhecidas. “Os criminosos se aproveitam do impulso e da pressa. Um erro mínimo — um domínio com uma letra trocada ou um PIX para CPF — pode custar caro. E o golpe não está só na largada, na oferta imperdível. Pode acontecer no momento do pagamento”, afirma.
Golpes mais comuns e a nova geração de ataques digitais
O perito internacional em crimes digitais Wanderson Castilho, CEO da Enetsec, explica que os criminosos sofisticaram suas técnicas, combinando engenharia social e automação. “O gatilho da urgência é o combustível dos golpistas. Quando o cérebro entra no modo impulso, a razão desliga”, afirma.
De acordo com Castilho, entre os golpes mais recorrentes estão:
- Troca de QR Code no checkout: quando o golpista substitui o código de pagamento; a vítima paga um PIX para um CPF estranho.
- Phishing: links e e-mails falsos que simulam grandes lojas e capturam dados pessoais.
- Links falsos no WhatsApp: mensagens prometendo cupons e descontos irreais que redirecionam a sites fraudulentos.
- Perfis falsos nas redes sociais: páginas que imitam marcas conhecidas e desaparecem após o pagamento.
“Esses ataques acontecem principalmente durante a madrugada, quando o consumidor está cansado e mais vulnerável. Em 2024, as ações criminosas dobraram entre 0h e 2h, segundo a Serasa Experian”, destaca o perito.
Como evitar ser vítima
Para o advogado Marco Antonio Araujo Júnior, a principal defesa é a atenção. “O consumidor deve verificar o domínio do site, evitar transferências via PIX para pessoas físicas e guardar comprovantes, conversas e anúncios. Essas provas são fundamentais em eventual ação judicial”, orienta.
Castilho complementa com a técnica dos 3 Ps — Pare, Pense e Pesquise:
“PARE por alguns segundos antes de clicar;
PENSE se a oferta faz sentido diante do preço médio;
e PESQUISE em outras lojas, checando a reputação e o recebedor do pagamento.”
Segundo ele, “esses três gestos automáticos tiram o golpista do jogo”.
Com a popularização dos pagamentos instantâneos e o uso crescente de inteligência artificial por criminosos, especialistas defendem campanhas educativas permanentes e políticas de segurança digital mais robustas.
“Não é apenas uma questão de tecnologia, mas de comportamento”, resume Castilho. “Enquanto o consumidor procurar descontos, o golpista vai procurar vítimas. A diferença está em quem age com calma.”
Veja mais notícias aqui. Acesse o canal de vídeos da BM&C News.