O Banco Central do Brasil divulgou, nesta quinta-feira (10), uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), Fernando Haddad, em razão do descumprimento do intervalo de tolerância da meta de inflação por seis meses consecutivos. O documento foi assinado pelo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, em cumprimento ao Decreto nº 12.079/2024, que passou a exigir a publicação de uma carta toda vez que a inflação oficial acumulada em 12 meses superar os limites definidos pelo CMN por seis meses seguidos.
Na carta, Galípolo explica que, de janeiro a junho de 2025, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se manteve acima do teto da meta de 4,5%. O acumulado em 12 meses atingiu 5,35% em junho, segundo dados do IBGE. O presidente do BC afirma que, apesar do avanço da inflação nesse período, há uma expectativa de convergência para a meta ao longo dos próximos trimestres, e que os efeitos defasados da política monetária já implementada devem atuar nesse sentido.
O documento destaca que o processo inflacionário recente foi influenciado por fatores como choques de oferta e recomposição de preços administrados, além de uma atividade econômica mais resiliente. O Banco Central atribui parte da persistência inflacionária à reoneração de combustíveis, ao aumento dos preços de energia elétrica e à depreciação cambial observada desde o segundo semestre de 2024. Esses fatores, segundo a carta, pressionaram os preços de forma difusa na economia.
Galípolo também aponta que os núcleos da inflação, que excluem itens mais voláteis, ainda se mantêm acima dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta. O mesmo ocorre com os serviços subjacentes, que mostram rigidez nos preços mesmo diante de uma taxa de juros elevada. A carta menciona que o Banco Central continuará atento à evolução das expectativas de inflação e à dinâmica dos preços, reforçando seu compromisso com a estabilidade de preços e a credibilidade do regime de metas.
Ao final, o presidente do Banco Central afirma que o Comitê de Política Monetária seguirá utilizando todos os instrumentos disponíveis para assegurar o retorno da inflação ao intervalo compatível com a meta, reafirmando que a autoridade monetária está empenhada em conduzir a política monetária de forma técnica, transparente e responsável, dentro dos marcos legais estabelecidos.
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