O volume de serviços no Brasil avançou 0,1% em maio de 2025, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da expectativa de mercado, cuja mediana projetada apontava alta de 0,2%. Ainda assim, o setor iguala o ponto mais alto da série histórica, registrado em outubro de 2024, e se mantém 17,5% acima do patamar pré-pandemia.
A média móvel trimestral também apresentou leve melhora, ao passar de +0,9% para +1,0%, indicando alguma consistência no desempenho recente do setor.
Entre os destaques positivos de maio, aparecem os serviços profissionais, administrativos e complementares, com alta de 0,9%, mantendo tendência de crescimento sustentado. O segmento de outros serviços também se recuperou (+1,5%), revertendo parte das perdas anteriores, enquanto o grupo de informação e comunicação avançou 0,4%, impulsionado pela tecnologia da informação, que teve alta expressiva de 13,4% na comparação interanual.
No setor de transportes, o transporte aéreo apresentou expansão de 4,5% no mês e impressionantes +37,3% em 12 meses, contribuindo para o crescimento de 3,2% do agregado de transportes na base anual.
Volume de serviços: consumo presencial e logística mostram fraqueza
Na outra ponta, os serviços prestados às famílias recuaram 0,6%, com destaque negativo para os segmentos de alojamento e alimentação, que encolheram 1,1%. O setor de transportes teve retração de 0,3%, afetado principalmente por quedas em transporte aquaviário, armazenagem e serviços postais.
O índice de atividades turísticas também apresentou desempenho negativo, com queda de 0,7% no mês, revertendo parte do avanço de abril, com recuos especialmente em São Paulo e outras capitais. Já o transporte de cargas caiu 0,5%, segunda queda consecutiva, ainda que siga em nível elevado frente ao período pré-pandemia.
Análise: crescimento disseminado, mas ritmo moderado
Para o economista Leonardo Costa, do ASA, os dados mostram que o setor de serviços segue resiliente, com destaque para segmentos estruturais como tecnologia da informação, consultoria, publicidade e transporte aéreo, que continuam a sustentar o crescimento. No entanto, ele alerta para sinais claros de moderação no consumo presencial e na logística.
“A expansão está cada vez mais concentrada nos setores mais estruturais, enquanto atividades mais sensíveis ao ciclo de renda, como serviços às famílias e turismo, já mostram sinais de cansaço”, afirma Costa.
Segundo ele, o cenário segue sendo de desaceleração gradual do PIB ao longo de 2025, com impactos vindos tanto da política monetária ainda restritiva quanto da desaceleração no consumo interno.
“O resultado abaixo do esperado reforça a leitura de que o crescimento econômico continuará moderado nos próximos meses, o que deve manter o Banco Central cauteloso em relação a cortes de juros mais agressivos”, conclui.