Diante das resistências no Congresso Nacional à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo federal tem buscado alternativas para garantir o equilíbrio fiscal sem recorrer ao aumento da carga tributária. Uma das principais apostas está no setor de petróleo e gás natural.
Por meio do Ministério de Minas e Energia (MME), está em estudo um pacote de medidas regulatórias e de concessões que, segundo projeções internas, pode gerar até R$ 35 bilhões em arrecadação até 2026. A estratégia visa não apenas reforçar o caixa da União, mas também sinalizar responsabilidade fiscal em meio às incertezas sobre a manutenção da meta de déficit zero.
IOF no radar: medidas paliativas e desorganização fiscal, segundo Volnei Eyng
Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a substituição do IOF por receitas do petróleo não resolve o problema estrutural das contas públicas. Segundo ele, o aumento do IOF já gerou ruído entre os investidores e trouxe de volta preocupações em relação à responsabilidade fiscal.
“As novas medidas que devem ser anunciadas como alternativa ao IOF precisam vir em um tom de preocupação real do governo na redução de gastos e não somente em aumentar a arrecadação. Até o momento, as ações têm demonstrado desorganização total”, afirmou Eyng.
O gestor destacou que o ambiente econômico carece de previsibilidade, elemento essencial para o crescimento empresarial e atração de capital. “As empresas precisam de segurança para investir, e o governo ainda não mostrou compromisso verdadeiro com o fiscal.”
Felipe Vasconcellos vê falta de previsibilidade e dilema fiscal estrutural
O sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcellos, apontou que a solução alternativa para o IOF escancara o dilema fiscal brasileiro: como equilibrar as contas públicas sem comprometer o crescimento sustentável.
“A previsibilidade e a coerência nas ações governamentais são essenciais para criar um ambiente de negócios mais seguro, capaz de atrair investimentos produtivos e fortalecer a competitividade do país”, disse Vasconcellos.
Para ele, decisões mal calibradas podem prejudicar setores estratégicos como energia, infraestrutura e agronegócio. O desafio do governo, segundo o especialista, é demonstrar responsabilidade fiscal ao mesmo tempo em que estimula a economia.
João Kepler destaca impacto do aumento do IOF sobre startups e negócios em expansão
João Kepler, CEO da Equity Group, destacou que alterações repentinas na estrutura tributária trazem insegurança principalmente para empresas emergentes.
“Mudanças tributárias afetam diretamente a previsibilidade para investidores e gestores de empresas. Startups e negócios em expansão precisam de um ambiente estável para crescer”, avaliou.
Kepler defende que o governo busque equilíbrio entre arrecadação e estímulo ao empreendedorismo, evitando penalizar a inovação e a criação de novos negócios.
IOF em debate: Sidney Lima alerta para aumento do risco Brasil
Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, ressaltou que a confiança do investidor está diretamente ligada à previsibilidade da política fiscal. Segundo ele, mudanças repentinas como o aumento do IOF e suas eventuais substituições elevam o risco percebido do Brasil.
“Essas medidas impactam negativamente a taxa de juros, o câmbio e reduzem a confiança dos investidores. É fundamental que o governo adote uma abordagem mais transparente e previsível”, alertou Lima.
Ele acredita que sem um plano fiscal claro e estável, o país continuará enfrentando obstáculos para atrair investimentos sustentáveis de longo prazo.