A produção industrial brasileira subiu 0,1% em abril, segundo dados divulgados nesta terça-feira (3), número que veio praticamente em linha com as projeções do mercado. Apesar do leve avanço, o dado indica perda de ritmo da atividade fabril e acende um alerta sobre os próximos meses.
Produção industrial: pressão dos juros atinge setores mais dependentes de crédito
De acordo com Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, a indústria começa a dar sinais mais nítidos de enfraquecimento, especialmente nos segmentos que dependem diretamente do crédito. “A indústria de transformação, por exemplo, já sente os efeitos da política monetária restritiva, diferentemente da indústria extrativa, que ainda mantém alguma tração”, afirma.
Sung destaca que, entre os setores econômicos, a indústria costuma ser um dos primeiros a reagir negativamente a juros elevados. “Ela é mais sensível do que o varejo, por exemplo, e sofre mais diretamente com o encarecimento do capital.”
Mercado de trabalho e consumo ainda seguram a demanda da produção industrual
Apesar do cenário adverso, alguns fatores ajudam a evitar uma retração mais acentuada no setor. O economista aponta que o aquecido mercado de trabalho e a demanda por bens duráveis ainda sustentam parte da atividade industrial. “A indústria ainda encontra apoio na massa salarial e no consumo de determinados segmentos, o que garante alguma estabilidade no curto prazo”, diz Sung.
Para uma avaliação mais completa sobre o ritmo da desaceleração econômica, Gustavo Sung acredita que os dados de varejo e, sobretudo, do setor de serviços, serão fundamentais. “O setor de serviços é fortemente atrelado à massa salarial e ao nível de emprego. Se começarmos a observar uma desaceleração ali, o sinal de alerta será mais claro”, explica.
Atenção redobrada na produção industrial do segundo semestre
Os dados de abril reforçam que, embora a indústria ainda resista, o ciclo de desaceleração pode ganhar força ao longo do segundo semestre. A combinação de crédito restrito, juros altos e perda de fôlego em setores cíclicos tende a impor mais desafios à atividade econômica. O comportamento dos serviços e do varejo nos próximos meses será determinante para compreender a intensidade dessa transição.












