O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (9) pelo Banco Central trouxe ajustes relevantes nas projeções dos principais indicadores econômicos. O mercado reduziu levemente a estimativa para a inflação de 2025 e elevou as previsões para o crescimento do PIB no mesmo ano, mantendo, por outro lado, a expectativa de juros elevados e câmbio pressionado até 2027.
Inflação com leve alívio para 2025, mas acima da meta segundo o Focus
A projeção do IPCA para 2025 caiu de 5,46% para 5,44%, indicando uma leve melhora na expectativa do mercado, mas ainda acima do centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional. Para os anos seguintes, as projeções foram mantidas em 4,50% (2026) e 4,00% (2027), apontando uma trajetória ainda distante de uma convergência clara à meta de 3%.
Boletim Focus: PIB é revisado para cima e câmbio segue pressionado
O mercado também revisou para cima as expectativas de crescimento da economia brasileira. A projeção para o PIB de 2025 subiu de 2,13% para 2,18%, enquanto a estimativa para 2026 passou de 1,80% para 1,81%. A expectativa para 2027 foi mantida em 2,00%, refletindo uma visão de expansão moderada da atividade no médio prazo.
O dólar deve continuar em patamar elevado segundo os analistas consultados. Para 2025, a expectativa permanece em R$ 5,80. Para 2026, houve uma leve redução, de R$ 5,90 para R$ 5,89, enquanto para 2027 a projeção segue estável em R$ 5,80. O câmbio elevado reflete, entre outros fatores, o ambiente de incertezas fiscais e a deterioração das contas externas.
Selic continua com viés restritivo até 2027
As estimativas para a taxa básica de juros não sofreram alterações nesta semana. O Focus mantém a Selic em 14,75% para 2025, caindo para 12,50% em 2026 e 10,50% em 2027. A manutenção de juros elevados indica que o mercado ainda vê pressão inflacionária persistente, além da necessidade de manter um diferencial de juros atrativo diante do cenário externo.
Focus: inflação sob controle e câmbio com espaço para queda
Com base na análise do economista Maykon Douglas, o Boletim Focus desta semana não apresentou grandes surpresas, refletindo a continuidade de um cenário de inflação mais controlada sobretudo pela influência dos preços administrados. Segundo ele, embora ainda haja desafios para um realinhamento pleno da inflação corrente e futura, especialmente diante das pressões de curto prazo oriundas da bandeira tarifária , a expectativa de um dólar mais fraco tem sido o principal fator de alívio.
“Mesmo sem mudança na mediana para o câmbio, ainda vejo espaço para queda. Minha projeção atual é de R$ 5,70, abaixo do consenso de mercado”, afirmou. Douglas também destaca que, após uma oscilação atípica na semana anterior, a mediana do PIB voltou a subir e deve continuar nesse caminho, refletindo a postura expansionista do governo.
