A JBS iniciou 2025 consolidando a tendência de recuperação observada ao longo do ano anterior. A companhia reportou lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre, revertendo o cenário negativo de 2023, quando registrou prejuízo de R$ 1,1 bilhão.
A receita líquida cresceu 21% em relação ao 1T24 e o EBITDA ajustado avançou 111% no mesmo comparativo. Segundo análise de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, os dados confirmam o ciclo de retomada da companhia, apoiado em maior eficiência operacional e recomposição de margens em unidades-chave.
“A JBS está claramente num ponto de virada após os resultados fracos de 2023. A margem EBITDA de quase 20% na Seara, por exemplo, mostra ganhos importantes de eficiência. O ponto de atenção agora é o consumo de caixa e a alavancagem, que voltaram a subir”, avalia Cruz.
JBS: unidades Seara e Pilgrim’s lideram recuperação
Entre os destaques operacionais do trimestre, as unidades Seara, Pilgrim’s (PPC) e JBS USA Pork apresentaram crescimento significativo tanto em volume quanto em margens. A Seara alcançou margem EBITDA de 19,8%, a mais alta desde o início de 2023, puxada por melhor gestão comercial, foco em produtos de maior valor agregado e aumento de produtividade.
“Esses resultados mostram o sucesso da estratégia da JBS em reforçar a integração vertical e melhorar o mix de produtos. É um movimento que traz resiliência em momentos de oscilação do ciclo pecuário e do consumo global”, comenta Cruz.
Beef nos EUA segue pressionado e caixa preocupa
Apesar dos avanços, a unidade JBS Beef North America continua com desempenho limitado, com margem EBITDA de apenas 1,7%. Embora o indicador tenha melhorado frente ao ano anterior, o segmento ainda sofre com custos elevados e oferta restrita de gado nos Estados Unidos.
Além disso, a geração de caixa foi negativa no trimestre. A JBS consumiu R$ 5,4 bilhões de caixa livre, o que reverte parte do fluxo positivo acumulado em 2024. A alavancagem em dólares subiu para 1,99x, voltando a subir após ter fechado o ano passado em 1,89x.
“O aumento da alavancagem precisa ser monitorado, especialmente se a pressão no mercado norte-americano persistir. Ainda assim, vale lembrar que a estrutura de dívida da JBS tem prazo médio superior a 11 anos, o que dá tempo para ajustes sem comprometer o curto prazo”, observa o estrategista da RB Investimentos.
JBS: expansão, dividendos e diversificação
A JBS também anunciou a distribuição de R$ 4,4 bilhões em dividendos em 2025, após retomar a rentabilidade em 2024. No trimestre, a companhia seguiu com sua estratégia de recompras de bonds e emissão de CRA com prazos inéditos no Brasil.
Outro ponto destacado foi a diversificação da plataforma multiproteína, com avanço no setor de ovos e maior presença internacional. Para Gustavo Cruz, a estratégia segue alinhada com os objetivos de médio prazo da companhia:
“A diversificação da JBS, tanto em produtos quanto em mercados, é um dos pilares da tese de longo prazo. Essa estrutura permite atravessar ciclos adversos em determinadas geografias e manter competitividade global”, conclui.
