O economista-chefe da Planner Investimentos, Ricardo Martins, analisou o atual cenário macroeconômico brasileiro, destacando a complexidade das pressões inflacionárias e as expectativas de mercado. Apesar das tensões inflacionárias, ele observa que “há sinais de alívio na inflação”, o que é um indicativo positivo para a economia nacional.
Martins explica que a estabilização dos preços das commodities, juntamente com a queda no câmbio, tem contribuído para a desaceleração da inflação. “Os preços da gasolina e etanol também estão em recuo, o que reflete um ambiente deflacionário em algumas áreas da economia”, afirma. Essa situação é crucial, pois a inflação controlada pode incentivar o consumo e o investimento, elementos essenciais para o crescimento econômico.
Economia no radar: Selic e atividade econômico
Um dos pontos centrais da análise de Ricardo é a taxa Selic, atualmente considerada “suficientemente restritiva para a atividade econômica”. Essa taxa, que é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, tem um papel fundamental em moldar as expectativas de investimento e consumo. Martins ressalta que, apesar da Selic elevada, o emprego continua aquecido, o que sustenta uma demanda robusta por serviços, essencial para o crescimento sustentado.
A valorização do real foi uma surpresa positiva citada pelo economista, que vê essa tendência como um reflexo da confiança do mercado na economia brasileira. “O crescimento do PIB agropecuário também é um fator a ser destacado, pois demonstra a resiliência do setor diante dos desafios econômicos”, explica Martins. Essa valorização pode facilitar a importação de bens e serviços, além de ajudar na contenção da inflação.
Economia instável: riscos fiscais e IOF
Ricardo Martins não deixou de lado as preocupações com os riscos fiscais, especialmente com a tramitação acelerada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no Congresso. Ele alerta que “os riscos fiscais crescentes podem afetar a confiança dos investidores e a estabilidade da economia”. Este é um ponto crucial que os investidores devem observar, pois qualquer mudança na política fiscal pode ter repercussões significativas nos mercados financeiros.
Diante desse cenário, Martins sugere que os investidores devem estar atentos às oportunidades que surgem em meio à volatilidade. Ele recomenda uma abordagem cautelosa, focando em setores que podem se beneficiar da recuperação econômica, especialmente aqueles ligados à agropecuária e serviços. A diversificação da carteira continua sendo uma estratégia essencial para mitigar riscos em tempos incertos.