A partir de 1º de agosto, caso a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump se concretize, uma sobretaxa de 50% será imposta sobre produtos brasileiros, afetando itens essenciais como café, carne e frutas. A medida tem gerado preocupações no Brasil, especialmente nos setores exportadores. Mas como essa medida deve afetar os consumidores americanos? As tarifas devem refletir no aumento dos preços imediato para os consumidores?
Brasil é o maior exportador de café para os americanos
O café, principal produto afetado, é um item essencial no consumo diário dos americanos. Em 2024, os Estados Unidos compraram impressionantes 1,6 milhão de toneladas de café, tanto torrado quanto não torrado, de países da América do Sul, África e Ásia, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. O Brasil, maior fornecedor de café para o mercado americano, foi responsável por cerca de 8,1 milhões de sacas de 60 quilos, ou aproximadamente 486 mil toneladas, representando cerca de 30% do volume total de café importado pelos EUA.
Essa dependência coloca o Brasil em uma posição crítica, já que o mercado americano é o maior consumidor de café brasileiro. Com a imposição da sobretaxa, é esperado que o preço do café suba, afetando diretamente os consumidores norte-americanos que compram o grão tanto para consumo doméstico quanto para a produção de bebidas em cafeterias e redes de fast food.
Estados Unidos não devem sentir peso nas importações de carne bonina
Além do café, a carne é outro produto chave nas exportações brasileiras para os EUA. Em 2024, o Brasil atingiu um recorde histórico de US$ 40,3 bilhões em exportações para o mercado norte-americano, com um crescimento de 9,2% em relação ao ano anterior. Esse valor consolidou os Estados Unidos como o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. O Brasil é um dos principais fornecedores de carne bovina para os EUA, e a tarifa de 50% imposta por Trump pode afetar a competitividade do produto brasileiro no mercado americano. No entanto, como apontou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB, “as grandes empresas do setor, como Minerva, JBS e Marfrig, são multinacionais com fábricas em outros países da América do Sul, como Paraguai, Argentina e Uruguai. Isso lhes dá flexibilidade para ajustar suas exportações e continuar fornecendo carne aos EUA, minimizando o impacto da tarifa.“
Estados Unidos não têm alternativo ao café no curto prazo
Entretanto, a situação do café deve ser diferente. O produto é altamente dependente das condições do mercado brasileiro, e a imposição da sobretaxa pode ter um efeito mais direto sobre os preços nos mercados americanos. “O café, ao contrário da carne, não tem tantas alternativas no curto prazo, devido à dependência do grão brasileiro“, afirmou Cruz. Com isso, a expectativa é de que o preço do café nos supermercados e nas redes de cafeterias suba, refletindo a alta da tarifa e a diminuição da competitividade dos produtos brasileiros.
No caso de manga e pescados, que já foram alvo de críticas de associações de produtores, o impacto das tarifas também será imediato. Essas categorias têm uma presença considerável nas exportações brasileiras, e as tarifas podem encarecer os produtos, afetando o preço final nas prateleiras dos mercados. As associações já se manifestaram contra a medida, destacando que a sobretaxa pode prejudicar o setor e afetar negativamente as pequenas e médias empresas que dependem da exportação desses produtos.