A semana de 7 a 12 de julho de 2025 será marcada por uma intensa agenda econômica e geopolítica, tanto no Brasil quanto no exterior. O destaque global fica por conta das negociações comerciais de Donald Trump, e para as expectativas de inflação nos EUA e dados de emprego, que impactam diretamente as taxas de juros futuras. No Brasil, a atenção do mercado estará voltada para os dados de inflação e o desempenho das contas fiscais.
Brasil: Foco no Boletim Focus e IPCA de Junho
No Brasil, a inflação continua sendo o principal tema da semana. A divulgação do IPCA de junho e dos dados do Boletim Focus será crucial para ajustar as expectativas sobre a política monetária e a economia brasileira. Francisco Henrique Alves, operador de mercado, destacou que o IPCA deverá apresentar números importantes que podem influenciar a trajetória da taxa de juros, além de ser um termômetro para a recuperação econômica no segundo semestre.
“Os dados de inflação e a projeção para o futuro fiscal são fundamentais para a definição dos próximos passos do Banco Central. A política monetária do Brasil ainda é marcada por uma grande volatilidade, e os investidores estarão atentos aos sinais de controle da inflação,” afirmou Alves.
De acordo com Leonardo Costa, economista do ASA, o IPCA de junho deverá mostrar uma desaceleração na margem, com uma variação de +0,18%, destacando uma composição de inflação qualitativamente benigna. Costa afirmou: “Alimentos devem vir em deflação, puxados pelos itens in natura, e os serviços também devem perder força, com ajuda de aluguéis e alimentação fora de casa“. No entanto, ele alertou que, apesar da melhoria no curto prazo, a média móvel de três meses ainda permanecerá acima do intervalo da meta do Banco Central, indicando que a inflação em 12 meses deverá ficar em torno de 5,29%. “Apesar da desaceleração, a inflação ainda exige atenção, pois o nível de preços continua pressionando a política monetária“, concluiu Costa.
China: dados de inflação no radar
Em nível global, a China estará em foco com a divulgação dos dados de inflação (IPP e IPC) para junho. A China continua sendo um fator crucial para as projeções econômicas globais, especialmente no que diz respeito ao impacto das suas políticas internas sobre o comércio internacional e as cadeias produtivas globais.
Alves comentou que os dados de inflação da China têm grande relevância para a economia global. “A inflação na China pode dar pistas sobre o comportamento da demanda mundial, além de impactar diretamente as tarifas comerciais e as negociações entre os países“, ressaltou.
Além da inflação: taxas de juros na Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul
A agenda econômica também inclui decisões sobre taxas de juros em países chave. Entre eles, o Banco Central da Austrália, o Banco de Reserva da Nova Zelândia e o Banco Central da Coreia do Sul se reúnem para definir suas políticas monetárias. A expectativa é de que as decisões possam influenciar diretamente o mercado de commodities e as expectativas de crescimento global, impactando a valorização das moedas emergentes e as taxas de juros nos mercados desenvolvidos.
“Essas decisões serão observadas de perto, pois podem alterar o apetite dos investidores por ativos de risco, como o Brasil“, completou Alves.
EUA: decisão sobre tarifas comerciais e perspectivas econômicas
Nos Estados Unidos, o mercado se prepara para a decisão sobre as tarifas comerciais recíprocas entre os EUA e outros parceiros internacionais. O presidente Donald Trump poderá retomar tarifas a partir de 9 de julho, com foco no Reino Unido e Vietnã, enquanto ainda existem expectativas de acordos com Japão, União Europeia e Índia. A relação comercial com a China, no entanto, segue em uma negociação mais longa, com o prazo final para acordos estendido até 12 de agosto.
Alves destacou que as decisões comerciais dos EUA podem afetar diretamente os mercados financeiros globais, incluindo o desempenho das moedas emergentes. “Os investidores estão atentos a qualquer movimentação nas tarifas comerciais, pois isso pode alterar as projeções de inflação global e impactar diretamente as negociações comerciais entre os países”, explicou.
Mercados: valorização do real e expectativa de inflação
O Ibovespa fechou a semana com uma nova máxima histórica de 141.263,56 pontos, com alta de 3,21% na semana e um ganho de 17,44% no ano. Esse movimento reflete a expectativa positiva dos investidores sobre a valorização do real e as perspectivas de controle da inflação. O dólar à vista fechou a semana cotado a R$ 5,248, com uma queda de 1,06% na semana.
No cenário global, o preço do petróleo Brent encerrou a semana com leve queda de 0,73%, mas com ganhos significativos no acumulado semanal (+3,27%). O ouro, por sua vez, também registrou um pequeno aumento de 0,11%, fechando a semana em US$ 3.346,50 a onça-troy.
Calendário Econômico: inflação no radar
A agenda econômica para a semana de 7 a 12 de julho está repleta de dados importantes para o mercado, com destaque para:
- Boletim Focus e IPCA de junho no Brasil;
- Decisões de taxas de juros da Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul;
- Dados de inflação da China e taxas de juros globais.
A semana será marcada pela expectativa sobre as políticas monetárias, tanto internas quanto externas, além das disputas comerciais internacionais e o foco nas perspectivas fiscais. Para o Brasil, os dados de inflação e o impacto nas taxas de juros serão cruciais para moldar o cenário econômico, enquanto a economia global segue atenta aos movimentos de Donald Trump e suas tarifas comerciais.