O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio veio abaixo do esperado pelo mercado e trouxe uma leitura positiva sobre a trajetória da inflação no Brasil em 2025. Para a estrategista de inflação da Warren, Andréa Angelo, o dado representa mais do que uma boa notícia pontual: sinaliza que a desaceleração inflacionária está em curso e tende a se consolidar nos próximos meses.
“Hoje foi uma notícia boa. O mercado estava esperando algum sinal positivo da inflação corrente, e realmente o número veio bom”, afirmou a especialista em entrevista à BM&C News.
Teto do IPCA deve ser de 5,5%, com tendência de revisões para baixo
De acordo com Andréa, o resultado de maio ajuda a consolidar um novo teto para a inflação de 2025 — em torno de 5,5% — bem abaixo das projeções mais pessimistas do início do ano, que indicavam um IPCA acima de 6%.
“Quando começamos 2025, muitos agentes de mercado consideravam uma inflação mais crônica. Mas os choques foram sendo repassados de forma menos intensa, e o cenário mudou. Hoje, o que parece sacramentado é que a inflação tem um teto de 5,5%, e provavelmente será menor que isso”, avaliou.
Inflação de serviços desacelera e reforça eficácia da política monetária
Um dos destaques do IPCA de maio foi o comportamento da inflação de serviços, considerada um dos principais vetores observados pelo Banco Central para decisões de política monetária. Para Andréa, os chamados serviços subjacentes — como médicos, cabeleireiros e oficinas mecânicas — atingiram um pico e agora mostram perda de força.
“Esse grupo de serviços pesa de 30% a 34% no orçamento das famílias e está intimamente ligado à força da taxa de juros. A leitura de hoje mostra que não há mais espaço para reaceleração. A tendência é de queda”, explicou.
Cenário ainda fora da meta, mas sem pressão adicional
Apesar do alívio, Andréa ressalta que o nível atual de inflação ainda não se enquadra nas metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional, mas o dado de maio afasta o risco de uma nova escalada nos preços.
“Não é uma inflação dentro da banda, mas também não é uma inflação reacelerando. A direção agora é para baixo, a não ser que haja um novo choque inesperado”, concluiu.
















