O cenário geopolítico tem se destacado como a principal fonte de apreensão entre investidores e gestores, superando preocupações com questões econômicas tradicionais, como tarifas, desaceleração da economia e os desafios fiscais. Em entrevista ao BM&C News, o economista Bruno Corano compartilhou sua visão sobre o impacto desses conflitos globais e como eles estão influenciando o comportamento dos mercados financeiros.
Cenário Geopolítico: o fator mais preocupante no mercado global
Uma pesquisa recente entre gestores revelou que, no atual momento, o maior receio não vem das questões econômicas convencionais, mas sim dos riscos geopolíticos. A instabilidade em várias regiões do mundo, como o conflito entre Rússia e Ucrânia, tem causado inquietação e suas implicações diretas sobre a economia global são um ponto de destaque. Segundo Corano, o cenário geopolítico é o principal fator de preocupação, pois sua natureza imprevisível tem o poder de gerar instabilidade global de maneira repentina.
“Quando falamos de cenário geopolítico, estamos lidando com um imponderável. Ele pode afetar qualquer aspecto da economia de maneira súbita e inesperada, o que cria um nível de insegurança muito maior para os investidores“, explicou Corano.
Geopolítica e Economia: a interligação complexa
Embora os conflitos militares sejam uma preocupação legítima, Corano acredita que o maior risco não vem de grandes confrontos militares, mas de uma série de fatores interligados, como a crescente instabilidade política, as guerras tarifárias e o cenário global de endividamento elevado. Ele destaca que, em um contexto de uma economia mundial cada vez mais fragilizada, com uma população que em breve começará a diminuir, o cenário geopolítico – com seus conflitos e disputas comerciais – se torna um dos maiores desafios para o futuro próximo.
“A verdadeira preocupação não são as guerras militares, mas a combinação de uma economia global instável, países altamente endividados e a intensificação das disputas comerciais. Esse é o verdadeiro motor da instabilidade“, afirmou Corano.
Impactos do cenário geopolítico nos mercados
Corano ressalta que o foco dos investidores, neste momento, não está nas agressões militares diretas, mas sim nas consequências econômicas que os conflitos podem gerar. Embora conflitos locais, como os que envolvem o Irã ou Israel, tenham grandes implicações regionais, o impacto no mercado financeiro global tende a ser contido enquanto esses conflitos permanecerem restritos a essas áreas. No entanto, a instabilidade política e econômica pode se intensificar, aumentando as incertezas nos mercados financeiros e afetando decisões de investimento em escala global.
O economista observa que, enquanto o mundo continua voltado para a resolução de seus próprios problemas econômicos internos, o risco de uma escalada desses conflitos locais ainda permanece. A preocupação é que esses conflitos possam desencadear consequências econômicas indiretas, como o aumento das tarifas e o agravamento das condições fiscais nos países afetados.
O futuro do cenário geopolítico no mercado
Apesar da crescente preocupação com o cenário geopolítico, Corano acredita que a situação é temporária, uma vez que muitos países estão focados em resolver suas próprias questões econômicas e sociais. A previsão é de que, enquanto os conflitos geopolíticos permanecerem em nível local, seu impacto na economia global não será drástico. No entanto, a combinação de fatores geopolíticos e econômicos poderá prolongar a instabilidade, especialmente nos mercados emergentes, como o Brasil.
“Os investidores precisam estar preparados para um futuro imprevisível, onde as tensões geopolíticas podem levar a movimentos bruscos nos mercados financeiros. No entanto, não esperamos uma escalada imediata para grandes conflitos“, conclui Corano.












