O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,4% no segundo trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior. Na comparação anual, o crescimento foi de 2,2%. O resultado coloca o país na 32ª posição mundial no ranking de crescimento econômico, da Austin Rating com base em dados do IBGE, bancos centrais, Eurostat, OCDE, FMI, Banco Mundial e The Economist. O Brasil teve uma queda acentuada no ranking do trimestre anterior, quando ocupava a 5ª posição.
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o resultado reflete um padrão recorrente da economia brasileira. Segundo ele, o país “segue refém de uma política econômica de curto prazo, diferente dos países da Ásia, que têm uma política de longo prazo”. Essa diferença explicaria a oscilação da posição do Brasil nos rankings de crescimento, enquanto economias emergentes asiáticas permanecem entre as primeiras posições de forma consistente. “Ainda que a política fiscal expansionista brasileira gera crescimento no curto prazo, ela traz efeitos colaterais, como inflação e necessidade de juros altos no médio prazo“, destaca.
Posição | País | PIB 2T25 / 2T24 | PIB 2T25 / 1T25 | Taxa anualizada (*) |
---|---|---|---|---|
1º | Indonésia | 5,1% | 4,0% | 17,2% |
2º | Taiwan | 8,0% | 3,1% | 12,8% |
3º | Malásia | 4,4% | 2,1% | 8,7% |
4º | Arábia Saudita | 3,9% | 2,1% | 8,7% |
5º | Tunísia | 3,2% | 1,8% | 7,4% |
… | … | … | … | … |
15º | EUA | 2,0% | 0,8% | 3,3% |
18º | Espanha | 2,8% | 0,8% | 3,0% |
25º | México | 0,0% | 0,6% | 2,4% |
32º | Brasil | 2,2% | 0,4% | 1,6% |
35º | Reino Unido | 1,2% | 0,4% | 1,4% |
38º | França | 0,8% | 0,3% | 1,2% |
45º | Alemanha | 0,2% | -0,3% | -1,1% |
47º | Canadá | 1,2% | -0,4% | -1,6% |
49º | Irlanda | 12,5% | -1,0% | -3,9% |
55º | Vietnã | 8,0% | n.d. | n.d. |
Brasil, G7 e os BRICS: veja o crescimento dos blocos
A média de crescimento dos países do G7 foi de 1,4% no comparativo anual, enquanto os BRICS cresceram, em média, 4,1%. A Zona do Euro apresentou alta de 1,4%. O estudo também aponta que o Brasil apresentou desempenho abaixo da média dos BRICS, mas superior ao de países como Alemanha, França e Itália.
Em valores correntes, o PIB brasileiro atingiu US$ 2,126 trilhões em 2025, representando 1,9% da economia global. O país permaneceu na 10ª posição no ranking mundial, logo atrás do Canadá e à frente da Rússia e da Espanha. Para 2026, a estimativa é de que o PIB brasileiro avance para US$ 2,187 trilhões, mas mantenha a mesma colocação no ranking.
Os Estados Unidos lideram a lista com US$ 30,5 trilhões em 2025, seguidos pela China (US$ 19,2 trilhões) e pela Alemanha (US$ 4,7 trilhões). O levantamento mostra ainda que as 15 maiores economias do mundo concentram 75,8% do PIB global.
Veja a lista:
Posição | País | PIB 2025 (US$ bi) | Part. % 2025 | PIB 2026 (US$ bi) | Part. % 2026 |
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1º | Estados Unidos | 30.507,2 | 26,9% | 31.717,6 | 26,8% |
2º | China | 19.231,7 | 17,0% | 20.375,9 | 17,2% |
3º | Alemanha | 4.744,8 | 4,2% | 4.911,7 | 4,1% |
4º | Índia | 4.187,0 | 3,7% | 4.601,2 | 3,9% |
5º | Japão | 4.186,4 | 3,7% | 4.373,1 | 3,7% |
6º | Reino Unido | 3.839,2 | 3,4% | 4.040,8 | 3,4% |
7º | França | 3.211,3 | 2,8% | 3.317,9 | 2,8% |
8º | Itália | 2.422,9 | 2,1% | 2.504,6 | 2,1% |
9º | Canadá | 2.225,3 | 2,0% | 2.332,6 | 2,0% |
10º | Brasil | 2.126,0 | 1,9% | 2.187,0 | 1,8% |
11º | Rússia | 2.076,4 | 1,8% | 2.085,1 | 1,8% |
12º | Espanha | 1.799,5 | 1,6% | 1.886,2 | 1,6% |
13º | Coreia do Sul | 1.790,3 | 1,6% | 1.851,8 | 1,6% |
14º | Austrália | 1.771,7 | 1,6% | 1.841,0 | 1,6% |
15º | México | 1.692,6 | 1,5% | 1.775,3 | 1,5% |
Investimentos recuam e limitam expansão do PIB
Na comparação com o segundo trimestre de 2024, o PIB cresceu 2,2%. O resultado foi impulsionado pela Agropecuária (10,1%), pela Indústria (1,1%) e pelos Serviços (2%). No acumulado de quatro trimestres, a alta foi de 3,2%.
Pela ótica da produção, os Serviços cresceram 0,6% no trimestre, com destaque para atividades financeiras (2,1%), informação e comunicação (1,2%) e transporte (1,0%). A Indústria avançou 0,5%, puxada pelas Indústrias Extrativas (5,4%), enquanto a Agropecuária apresentou leve queda de 0,1% após forte resultado no início do ano.
Pela ótica da demanda, o Consumo das Famílias subiu 0,5%, mas a Formação Bruta de Capital Fixo recuou 2,2%, interrompendo seis trimestres consecutivos de alta. O Consumo do Governo caiu 0,6%, enquanto as Exportações cresceram 0,7% e as Importações caíram 2,9%.
Roberto Dumas, mestre em economia, chamou atenção para a queda de 2,2% nos investimentos no segundo trimestre, fator que limita o potencial de crescimento de longo prazo. Pela ótica setorial, ele destacou o avanço da indústria extrativa, com crescimento de 5,4% impulsionado pelo petróleo, gás e minérios, enquanto a indústria de transformação recuou 0,5% e a construção civil caiu 0,2%. “O consumo desacelerou de 1,0% para 0,5%, e esse comportamento reflete o efeito da política monetária contracionista, que deve impactar ainda mais no terceiro e quarto trimestres de 2025”, afirmou.
Já Maykon Douglas, economista, avaliou que o resultado, apesar da desaceleração, trouxe uma composição ligeiramente mais positiva do que o esperado. “O agro se manteve estável, a indústria e os serviços apresentaram melhora na margem, e isso suavizou a desaceleração”, destacou. Segundo ele, a resiliência do consumo das famílias, apoiada pela massa salarial mais forte, continua sendo um dos principais suportes do crescimento, mesmo em meio ao aperto monetário e à queda nos investimentos. Douglas mantém projeção de alta de 2,2% para o PIB de 2025.
Consumo das famílias segue como principal motor do PIB
Na avaliação de Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), o consumo das famílias permanece como o vetor central da atividade econômica. “Estamos observando um mercado de trabalho aquecido, com a menor taxa de desemprego da série histórica e aumento da renda real”, destacou. Ele ressalta, no entanto, que os juros elevados, atualmente em 15% ao ano, funcionam como freio de mão para a economia. Para a APAS, se não houver mudanças na curva de juros, o crescimento deve se manter limitado, entre 2,2% e 2,4% neste ano.
Além dos fatores internos, Queiroz lembrou que o cenário internacional tem peso relevante no desempenho da economia. O avanço do neoprotecionismo e o tarifaço dos Estados Unidos criam obstáculos ao comércio exterior e forçam o Brasil a buscar novas parcerias e mercados. Esse movimento, segundo ele, será decisivo para a manutenção da atividade econômica nos próximos trimestres.