Em entrevista ao programa BM&C News, Fábio Fares, especialista em análise macroeconômica, discutiu a mobilização do governo brasileiro e de setores como o agro em resposta às tarifas impostas por Donald Trump. Segundo ele, “as tarifas elevadas sobre produtos brasileiros podem ter um impacto significativo na balança comercial do país”. A pressão sobre o setor agropecuário, que é um dos pilares da economia nacional, pode levar a consequências adversas se não houver uma estratégia clara para contornar essas barreiras comerciais.
O especialista observa que a situação atual pode influenciar a popularidade do governo Lula. “Um governo que não consegue proteger seus setores produtivos pode enfrentar desafios de legitimidade e apoio popular”, afirma Fábio. Ele destaca que a capacidade do governo em negociar com a administração Trump e buscar alternativas para mitigar os efeitos das tarifas será crucial para manter a confiança tanto do mercado quanto da população.
Tarifas e os impactos na Selic
Fábio Fares também analisa as possíveis repercussões das tarifas sobre a inflação e a taxa Selic no Brasil. Ele explica que “um aumento nos custos de importação pode pressionar os preços internos, contribuindo para uma alta inflacionária”. Isso, por sua vez, poderia levar o Banco Central a revisar sua política monetária, podendo aumentar a Selic para conter a inflação. A relação entre a inflação e a taxa de juros é um fator crítico para os investidores, pois impacta diretamente os custos de financiamento e as decisões de investimento.
Em um cenário macroeconômico mais amplo, Fábio ressalta que a interdependência entre as economias brasileira e americana pode intensificar os riscos. “Se os Estados Unidos continuarem a adotar políticas protecionistas, o Brasil terá que se adaptar rapidamente para evitar danos mais profundos em sua economia”, alerta. Ele sugere que o governo deve considerar diversificar seus mercados de exportação e buscar novos acordos comerciais que minimizem os efeitos das tarifas de Trump.
Para os investidores, Fábio aconselha cautela. “A volatilidade das taxas de juros e a incerteza política exigem uma análise detalhada antes de tomar decisões de investimento”, afirma. Ele sugere que os investidores busquem ativos que possam oferecer proteção contra a inflação e que estejam alinhados com as tendências de crescimento a longo prazo, considerando a importância do setor agro e as políticas do governo.