Uma nova diretriz para o mercado de trabalho brasileiro deve beneficiar mulheres em situação de risco ou vítimas de violência doméstica. De acordo com a medida, a partir de agora, 10% das vagas de emprego intermediadas pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine) serão reservadas para essas mulheres.
A mulher que se anula por causa da violência doméstica

A história da Janaína Dantas, vítima de violência doméstica e desempregada, é um exemplo da condição delicada enfrentada por muitas mulheres. “Eu priorizei muito a família, o relacionamento, e acabei esquecendo de mim. O que acontece com praticamente 90% das mulheres vítimas de violência doméstica. Elas se anulam em prol do relacionamento e, no final, somos nós que pagamos o preço”, lamenta Janaína.
Mulheres como Janaína geralmente são dependentes financeiramente e psicologicamente dos seus parceiros, com longos períodos fora do mercado de trabalho. Retomar a vida após a experiência da violência doméstica pode ser complicado.
Como a reserva de vagas no Sine vai funcionar?
O Ministério do Trabalho e Emprego ainda não detalhou o funcionamento da reserva de vagas para mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em entrevista ao JN, destacou a importância de construir políticas públicas eficazes para combater a violência doméstica.
“Elas vão poder ser inseridas de acordo, ou com a profissão delas ou com o que tiver no mercado naquele momento, mas isso garantirá que elas terão condição de manter os seus filhos, pagar um aluguel, pagar a conta de luz e de água para poder sobreviver sem violência”, explicou a ministra.
Esperança e renovação para as vítimas de violência doméstica
Mesmo com todos os desafios enfrentados, Janaína Dantas se mostra resiliente e com esperanças renovadas. “Eu quero ser um exemplo de recomeço para outras mulheres. Sim, fui vítima de violência doméstica; sim, sofri; sim; chorei; sim, cheguei ao fundo do poço. Mas eu consegui me levantar, eu consegui recomeçar. Ter a minha dignidade recuperada já é de grande valia”, conta ela.
A priorização das mulheres vítimas de violência doméstica no Sine se dá em um momento de reforço nas políticas públicas para esta parcela da população. Tomando medidas concretas como essa, espera-se que mais mulheres possam encontrar a força para recomeçar e a retomar o controle de suas vidas.