A Rede Kigali, organização que reúne diversas entidades da sociedade civil focadas em eficiência energética, enviou uma carta em defesa das mudanças feitas pelo governo nas especificações de eficiência energética para geladeiras. Em contraponto à indústria de eletrodomésticos que tem indicado um aumento significativo nos preços com essas novas regras, a Rede Kigali acredita que o impacto será mínimo.
No início deste mês, o Ministério de Minas e Energia (MME) atualizou as diretrizes relativas à eficiência energética das geladeiras. A nova legislação tem sido criticada por um segmento de fabricantes de eletrodomésticos, que alegam que o aumento nos preços será inevitável.
Qual a posição da indústria de eletrodomésticos?

A discussão sobre o tema ganhou força quando a associação das fabricantes de eletrodomésticos, a Eletros, previu que o novo padrão de eficiência energética resultará em um aumento significativo no preço mínimo das geladeiras. A entidade que reúne marcas como Electrolux e Midea inicialmente estimou este valor em mais de R$ 5.000. No entanto, em nota recente, revisou esta previsão para R$ 4.000 a partir de 2026.
Como a Rede Kigali vê o futuro dos preços das geladeiras com maior eficiência energética?
Apesar dessas alegações, a Rede Kigali se baseia nas estimativas da Clasp, organização dedicada a ajudar governos na melhoria da eficiência técnica e ambiental dos eletrodomésticos. A Rede Kigali defende que o aumento nos preços será baixo, variando entre R$ 86 e R$ 200 a partir de 2026.
As novas exigências de eficiência energética serão implementadas em duas fases. A primeira fase começa no final deste mês, enquanto a segunda fase aumentará ainda mais os requisitos em 2026.
A mudança nos níveis de eficiência energética das geladeiras será prejudicial à economia e à sociedade?
A Rede Kigali argumenta que, embora a estimativa da Eletros possa alarmar os consumidores, a realidade é bem diferente. Segundo a organização, os fabricantes estão bem preparados para essa transição e a maioria dos produtos oferecidos atualmente no mercado já está em conformidade com a primeira fase de exigências que entrará em vigor em 2024.
Além disso, a organização destaca que a economia de energia esperada entre 2026 e 2030 é equivalente a 67% do consumo mensal das residências em 2023. Esta economia, no entender da Rede Kigali, pode representar uma quantia considerável de cerca de R$ 5,9 bilhões economizados pelos consumidores.
Qual será o impacto disso para o futuro?
As discussões atuais acerca das novas diretrizes de eficiência energética indicam uma tensão entre o setor industrial e as organizações ambientalistas. Ao mesmo tempo em que os fabricantes argumentam sobre o aumento de custos e a possível redução do mercado, os grupos ambientalistas veem uma oportunidade significativa para a redução do consumo energético. No fim das contas, o desafio é encontrar um equilíbrio eficaz entre essas duas visões, que garantirá um futuro mais sustentável e acessível para o consumo de eletrodomésticos no Brasil.