Com a recente conquista do novo recorde pelo Ibovespa, superando a marca dos 132 mil pontos, muitas dúvidas surgem entre os investidores. Questiona-se se “a bolsa estaria alta demais” para aplicar o dinheiro. Mas será que isso é verdade?
Para entender melhor essa situação, devemos lembrar que o preço é apenas um fator que não deve ser avaliado isoladamente. Não faz sentido basear nossas decisões unicamente em valores. É como na vida cotidiana: você não escolhe uma cerveja observando exclusivamente o seu preço, certo?
A importância do múltiplo Preço/Lucros para o Ibovespa

Para avaliar se estamos fazendo um investimento vantajoso, precisamos ir além do preço. É necessário analisar o benefício gerado pelo investimento e, nesse aspecto, o múltiplo Preço/Lucros é uma importante ferramenta. Ele mede a relação entre o que você está desembolsando e o resultado monetário que você está recebendo em troca.
Quanto maior a relação Preço/Lucro, mais custoso você está pagando pelo que recebe. Por outro lado, uma relação Preço/Lucro mais baixa indica que você está pagando um valor menor pelo que recebe, o que denota um ativo barato. Analisando sob essa perspectiva, o Ibovespa não parece tão caro, estando abaixo dos valores históricos.
Comparação com indicadores internacionais
Ao fazer comparações internacionais, a situação do Ibovespa torna-se ainda mais clara. Muitas vezes, os investidores se esquecem de olhar para outros mercados e baseiam-se apenas nos números brasileiros. Contudo, enquanto o ETF MSCI Brasil, que mede o desempenho das principais ações do país, está sendo negociado por 9x preço/lucros, o MSCI da Índia hoje se encontra acima de 24x.
Então, acreditar que o Brasil está muito caro por negociar a 9x preço/lucros enquanto a Índia atualmente negocia por 24x parece, de fato, contraditório. Ademais, ao comparar o Brasil com outros mercados emergentes menos badalados, percebe-se que nosso país provavelmente é o mais acessível entre eles. Considerando ainda que atualmente vivemos um momento de queda da Taxa Selic, que deve chegar a um dígito em breve, torna nossas ações ainda mais visadas para os investidores globais.
O perigo de não investir em momentos de alta
Entendo perfeitamente o medo daqueles que hesitam em investir na bolsa durante momentos de alta histórica. Mas tal temor não significa que o Ibovespa esteja caro. A tendência é que máximas sejam continuamente renovadas, e aqueles que deixam de investir por receio podem acabar perdendo ótimas oportunidades.
Podemos ainda ver possíveis semelhanças entre o cenário atual e o de 2017. Naquela época, logo após atingirmos um recorde de 72 mil pontos no Ibovespa, houve um grande ciclo de valorização das ações. Isso ocorreu devido, entre outros fatores, a um momento de queda de juros. O mesmo pode acontecer agora, com a redução da Taxa Selic para aproximadamente 8%, o que seria bastante favorável para ativos de risco.
Conclusão
Portanto, apesar da justificável preocupação sobre possíveis bolhas e perigos no mundo dos investimentos, não parece ser o caso do Ibovespa neste momento. Investir na bolsa agora, longe de ser uma má ideia, pode ser um bom negócio. E para quem já investe, é o momento ideal para diversificar a carteira, procurando empresas desconhecidas e de pequeno valor de mercado – as chamadas “microcaps”. Embora costumem sofrer mais em momentos de mercados desfavoráveis, elas são as maiores beneficiadas quando as coisas melhoram.