A Argentina atravessa um momento de mudanças drásticas, lideradas pelo recém-eleito presidente Javier Milei. As medidas, que visam alterar a estrutura econômica e social do país, foram anunciadas na última quarta-feira (20), causando uma repercussão intensa entre a população do país.
Dentre as alterações, estão a revogação da lei de aluguéis e do observatório de preços do Ministério da Economia. Além disso, estão previstas no Decreto de Necessidade e Urgência a transformação de todas as empresas estatais em sociedades anônimas, visando a privatização, e a reforma no Código Aduaneiro com o intuito de facilitar as exportações.
Qual é o impacto dessas mudanças de Javier Milei para a Argentina?

As mudanças anunciadas por Milei, grande representante da ultradireita no país, têm como principal objetivo iniciar uma reconstrução da Argentina. Ao pronunciar em seu discurso que as mais de 300 reformas são necessárias, o presidente no poder demonstra um posicionamento firme e decisivo em relação ao futuro do país.
Como a população tem reagido às mudanças?
No entanto, nem todos concordam com as propostas do governo. Manifestações já começaram a tomar as ruas de Buenos Aires. Grupos como o Polo Operário e o Movimento Socialista dos Trabalhadores marcharam até a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede da Presidência da República, em protesto contra as medidas. A manifestação foi acompanhada de perto pela polícia local, que teve como ordem não permitir bloqueio de vias públicas.
Em meio às mobilizações, o governo de Milei lançou um protocolo que ameaça retirar os benefícios sociais de manifestantes que interrompam o tráfego. A Ministra da Segurança, Patricia Bullrich, apoia o protocolo e promete usar a “força proporcional à resistência” para lidar com bloqueios nas ruas. Em resposta, ela afirma: “Se ocuparem as ruas, haverá consequências. Vamos ordenar o país para que as pessoas possam viver em paz.”
Alterações no Governo Milei
As alterações promovidas pelo governo Milei vêm acompanhadas de um cenário de tensão social. Os cidadãos argentinos recordaram os protestos ocorridos em dezembro de 2001, que resultaram em 39 mortes e marcaram a pior crise econômica, social e política da história recente do país. Além disso, em meio às transformações, o peso argentino sofreu desvalorização de mais de 50%. O ajuste fiscal proposto pelo governo prevê ainda a redução de subsídios aos transportes e serviços públicos de energia, paralisação de infraestruturas financiadas pelo Estado e corte de repasses às províncias.
O cenário atual na Argentina demonstra o quão complexo e desafiador é o processo de reconstrução de uma nação. As medidas adotadas por Milei acendem um debate sobre o papel do Estado na economia e na vida das pessoas e, inevitavelmente, trazem à tona as tensões sociais e econômicas existentes no país.