Assumindo a difícil missão de trazer estabilidade à economia argentina, o recém-eleito presidente Javier Milei encontrou resistência popular diante das drásticas medidas de ajuste fiscal anunciadas. Nesta quarta-feira, 20 de dezembro de 2023, milhares de argentinos se manifestaram contra as políticas do novo governo.
O epicentro dos protestos foi a Plaza de Mayo, em Buenos Aires, onde se aglomeraram grupos de desempregados e movimentos sociais que, mesmo sob forte aparato policial, exigiram maior auxílio financeiro aos mais vulneráveis diante da crise econômica que assola o país.
Os cidadãos argentinos disseram “não” ao ajuste fiscal de Javier Milei?

Foi em meio a esse contexto de efervescência que Milei, juntamente com a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, se dirigiu à Delegacia Central para acompanhar a primeira grande manifestação contra seu governo. Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, e o influenciador digital Iñaki Gutiérrez, encarregado das redes sociais presidenciais, também se acompanharam neste processo.
Este protesto teve um viés particularmente simbólico, representando a maior mobilização popular na Argentina desde a restauração da democracia em 1983.
Quais foram as medidas adotadas pelo presidente para conter as manifestações?
Na tentativa de desmobilizar as manifestações, Milei emitiu um decreto visando prevenir que os ativistas interrompessem a circulação nas ruas, ameaçando cortar benefícios sociais daqueles que participassem dos protestos. A normativa também proibia pais de levar seus filhos aos protestos, uma decisão controversa que desafia a “tradição piqueteira” argentina e levantou questionamentos por parte de juristas locais.
Embora este tenha sido um protesto de proporções significativas, o número de crianças presentes foi particularmente baixo, sugerindo que as ameaças do governo conseguiram intimidar setores da população que habitualmente participam de mobilizações populares.
Essa é a resposta popular diante das primeiras ações de Milei, que desde o início de seu mandato em dezembro deste ano tem anunciado uma série de medidas de impacto para reformar a economia argentina. O mais polêmico foi o anúncio de uma desvalorização de 54% do peso, em conjunto com cortes de subsídios e fechamento de alguns ministérios do governo, que o presidente afirma serem necessários para lidar com a atual crise econômica do país.