O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta mais um revés na esfera judicial. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ministro Alexandre de Moraes, vetou a progressão de um recurso extraordinário apresentado por Bolsonaro contra a decisão que o declarou inelegível por um período de oito anos. A condenação foi decidida pelo TSE em junho, uma vez que o então mandatário do Brasil foi declarado culpado de abuso de poder político e uso impróprio de meios de comunicação.
Os incidentes mencionados ocorreram em julho do ano anterior no Palácio da Alvorada, onde foi realizada uma reunião com embaixadores. O objetivo do encontro era criticar o sistema eletrônico de votação. Conforme a decisão do TSE, Bolsonaro terá suas aspirações eleitorais interrompidas até 2030.
Por que o recurso de Bolsonaro foi negado por Moraes?

No recurso recusado por Moraes, a defesa de Bolsonaro alegou que a decisão original violava as regras constitucionais do Brasil e solicitou que o caso fosse encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o Ministro Moraes considerou que o recurso não preenchia os critérios necessários para progredir. Consequentemente, o recurso contra a declaração de inelegibilidade foi indeferido, ampliando o revés jurídico de Bolsonaro.
Na tentativa de reverter a decisão, foram apresentadas pela defesa de Bolsonaro cerca de 19 alegações de violações das regras constitucionais. No entanto, de acordo com Moraes, a maioria das alegações exigiria um novo exame de fatos e provas, algo que não é abrangido por esse tipo específico de recurso. O recurso, explicou o Ministro, serve apenas para examinar violações de normas constitucionais.
O que diz o julgamento original?
Um dos pontos destacados no julgamento original foi a inserção de um rascunho de decreto, não assinado, conhecido como “minuta do golpe”, que estava em posse de Anderson Torres, antigo Ministro da Justiça no mandato de Bolsonaro. Este documento conjecturava uma intervenção na Justiça Eleitoral para impedir a efetivação dos resultados das eleições presidenciais.
Os advogados de Bolsonaro argumentaram que o documento não era relevante ao processo, e que sua incorporação infringia os princípios constitucionais da segurança jurídica. Porém, Moraes salientou que a “minuta do golpe” foi adicionada ao processo de maneira regular e não influenciou na condenação inicial do ex-presidente Bolsonaro. Portanto, não existiria fundamento para contestar a violação dos princípios constitucionais de ampla defesa ou segurança jurídica.
Ainda assim, Bolsonaro tem a opção de buscar recursos diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Sua defesa tem como argumento que a condenação foi baseada em um “documento apócrifo”, mas Moraes reforçou que a condenação de Bolsonaro baseou-se nas ações comprovadas praticadas ao se valer das prerrogativas de Presidente da República. Com as decisões do TSE e a negação deste recurso, a inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2030 parece se consolidar.