O presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, fez uma colocação impactante na quarta-feira, ao defender a inclusão das criptomoedas no sistema financeiro. Isso aconteceu em uma conversa durante o evento “Digitalização da Economia: Agenda de Inovação do Banco Central do Brasil”, promovido pela Casa Jota. Nessa fala, Campos Neto disse que, ao invés de expulsar ou proibir esses ativos digitais, seria mais benéfico entender a tecnologia e trazê-la para perto do mundo financeiro.
De acordo com o presidente, quanto mais próxima a relação do governo com os criptoativos, mais simples será a regulação e o entendimento da tecnologia. E, assim, diminuirão as surpresas que poderiam surgir para os agentes do Estado. Ele também ressaltou que se um problema surge em um setor não regulado, que tem grande importância na economia, tal problema pode impactar o setor regulado, pois os fluxos financeiros se comunicam.
O mercado de criptomoedas está em constante evolução

Campos Neto evidenciou que o mercado de criptomoedas tem crescido incrivelmente rápido, apesar de ter cometido alguns “pecados” – questões já superadas pelo mercado financeiro tradicional. Porém, para ele, o mundo está em um momento de aprendizado. Falhas apontadas por ele incluem corretoras custodiando criptomoedas e assumindo riscos ao mesmo tempo, conflitos de interesse na criação e venda de produtos em um mesmo canal, e concentração de custódia.
Criptomoedas e a visão global
Enquanto o chefe do BC brasileiro defende a proximidade com as criptomoedas, figuras de destaque global têm perspectivas diferentes. No mesmo dia das declarações do presidente do Banco Central, Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, em uma audiência no Senado dos EUA, afirmou que acabaria com a indústria de criptomoedas se tivesse o poder para tal.
Além disso, Campos Neto tocou no assunto das stablecoins e das moedas digitais transnacionais. Para ele, as stablecoins têm facilitado o acesso das pessoas à moeda norte-americana e se tornaram uma alternativa de reserva de valor para aqueles que não confiam em suas próprias moedas. Nesse contexto, destacou a situação da Argentina, cuja população tem recorrido às stablecoins para fugir da inflação e da desvalorização do peso.
O Futuro das moedas digitais no Brasil
Campos Neto ressaltou o papel das moedas digitais no debate de uma moeda única entre Brasil e Argentina e fez um alerta importante: a moeda digital torna o debate de uma moeda única ultrapassada. Para ele, se todos os países adotarem moedas digitais, com liquidação imediata, não haveria vantagem em ter uma moeda única, pois seria possível obter uma transação com a mesma rapidez e diminuição de custos intermediários.