No acumulado dos primeiros nove meses de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve um desempenho positivo, com um aumento de 3,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. No entanto, os analistas alertam que essa alta não é sinônimo de uma melhoria na qualidade da nossa economia.
Estes servidores acreditam que as bases para garantir a continuidade desse crescimento econômico nos próximos anos ainda são frágeis e necessitam de melhorias, principalmente nas áreas de produtividade, gestão fiscal e investimento. Esta crítica foi trazida à luz por Juliana Inhasz, professora do Insper, e Vinicius Torres Freire, jornalista da Folha de S.Paulo e mestre em administração pública pela Universidade Harvard.
Como podemos entender o crescimento do PIB brasileiro?

Em 8 de novembro, o anúncio de um crescimento de 0,1% do PIB no terceiro trimestre de 2023 foi interpretado de duas formas. O lado pessimista vê uma desaceleração brusca em relação ao trimestre anterior, que crescia 0,9%. Já os otimistas consideram que o resultado foi melhor que o esperado pelo mercado, que previa uma queda.
“Se olharmos apenas o resultado numérico, podemos pensar que tudo está indo bem. Mas a qualidade deste crescimento é o que realmente importa. É como um paciente que conseguiu controlar o colesterol, mas continua com uma dieta inadequada”, afirma a economista Juliana Inhasz.
Quais são as previsões para o futuro da economia brasileira?
A economista Inhasz também ressalta a preocupação com o panorama econômico de 2024. Ela acredita que o Brasil ainda não conseguiu criar uma base sólida para um crescimento contínuo, longe das oscilações dos últimos anos.
Por outro lado, Vinicius Torres Freire destaca que o baixo índice de investimentos, atualmente em torno de 16,6% do PIB, não sugere um crescimento expressivo para o próximo ano. “O investimento é o que pode fazer a economia crescer mais no próximo ano, mas não estou vendo impulso para uma retomada de investimento”, diz o jornalista.
Juliana Inhasz, por sua vez, adiciona: “Para que consigamos crescer em torno de 4% ao ano, durante 10, 15 anos, esses investimentos precisariam ser de pelo menos 25% do PIB”. Essa afirmação sublinha a necessidade de encontrar formas mais eficazes de acumular capital e investimentos, garantindo, assim, uma capacidade produtiva adequada no futuro.