Nas vésperas da celebração natalina, o Supremo Tribunal Federal (STF) fez um anúncio que trouxe alívio a inúmeros aposentados e detentores de precatórios federais, que viviam um impasse sob a sombra das emendas constitucionais 113 e 114 promovidas no mandato de Jair Bolsonaro. Tais emendas eram defendidas especialmente pelo antigo ministro da economia, Paulo Guedes, e limitavam significativamente o montante anual destinado ao pagamento de precatórios, adiando o quórum da dívida para os anos seguintes.
Essa tática governamental tinha como principal finalidade direcionar uma parcela do orçamento reservado aos precatórios para outras despesas públicas. Entretanto, as consequências desse manejo iam além de simples atrasos nos pagamentos, pois trouxeram frustração e instabilidade a milhares de aposentados que haviam conquistado na Justiça o direito de receber seus respectivos precatórios.
Precatórios para Aposentados

No cerne da disputa, o STF, por maioria de votos, cancelou as alterações implementadas em 2021 no sistema constitucional dos precatórios, cujos impactos já estavam refletindo no planejamento financeiro dos exercícios de 2022. Diante dessa realidade, os atrasos no pagamento dos precatórios tinham se acumulado nos anos de 2022 e 2023.
Sem a intervenção do Supremo, a restrição contínua dos pagamentos poderia causar uma onda desordenada de dívidas da União, semelhante ao cenário enfrentado pelo estado de São Paulo, onde os atrasos referentes aos precatórios estaduais ultrapassaram a marca de uma década. Com o veredito, a tendência desregrada do atraso dos precatórios deve ser interrompida e o cenário de perpetuação da dívida findado.
Quais são os Impactos desta decisão do STF?
Além das enormes filas de espera, a demora no pagamento dos precatórios criava outro problema com conotações mais gravosas. Muitos aposentados, sob pressão financeira, sentiam-se compelidos a vender seus direitos creditoriamente a empresas especializadas em troca de quantias substancialmente menores, numa proporção de desconto entre 40% a 60% do valor total do crédito.
Com o recente anúncio, a previsibilidade da quitação dos precatórios garante tranquilidade a essas pessoas, pois os pagamentos voltarão a seguir um cronograma regular. A decisão, no entanto, acarretará custos para regularizar o acúmulo de precatórios dos últimos anos. Para esse fim, o governo liberou um montante extraordinário de R$ 97 bilhões, garantindo que até o final deste ano os precatórios atrasados sejam quitados. Portanto, 2024 começa com esperança renovada para esses credores, que finalmente receberão o que lhes é devido.