A Copa do Mundo começou. Com três gols de Ary Borges e um de Bia Zaneratto, o Brasil goleou o Panamá e fez bonito em sua estreia no torneio mais importante do mundo. Levantar a taça, um feito inédito para a seleção feminina, é o sonho de todos, mas uma vitória muito mais importante já está sendo construída dia após dia.
No Brasil, futebol sempre foi “coisa de menino”. Hoje, no entanto, torcedoras e torcedores estão parando tudo o que estão fazendo para assistir as garotas jogarem pela seleção canarinha. Esse não é qualquer Mundial. O futebol feminino vem crescendo cada vez mais e conquistando um espaço que sempre foi exclusivo dos homens. Essa luta não se limita às quatro linhas e é possível usar o esporte como um exemplo se quisermos transformar outras áreas de nossa sociedade.
Nos últimos anos, tem sido evidente o avanço das mulheres na conquista de espaços de destaque em profissões antes consideradas estritamente masculinas. Foi-se o tempo em que áreas como engenharia, tecnologia e ciências exatas eram reservadas para um excludente “clube do bolinha”. O espaço ainda não é igualitário, mas o progresso ocorre devido a um esforço contínuo, e nem sempre reconhecido, de mulheres que lutam contra os obstáculos impostos pelo machismo e pelas barreiras sociais e culturais.
O ativismo das mulheres, em conjunto com a participação de aliados que defendem a igualdade de gênero, têm sido essenciais para denunciar o machismo estrutural e promover a equidade nas oportunidades de trabalho. A luta feminista por igualdade salarial, por exemplo, tem ganhado força e incentivado empresas e instituições a reverem suas políticas e práticas discriminatórias.
Na seleção americana feminina de futebol, uma campanha foi iniciada pelas jogadoras onde elas exigiam pagamento igualitário em relação ao time masculino. Apesar de serem multi campeões mundiais, e da equipe dos homens sequer ter chegado a uma final de Copa, elas ainda recebiam uma quantidade significativamente inferior à dos homens.
O esforço feminino, no entanto, não pode ser o único motor da luta por igualdade no ambiente profissional. É somente por meio de uma educação cada vez mais inclusiva e igualitária que mulheres terão acesso a oportunidades de aprendizado e desenvolvimento profissional que antes lhes eram negadas.
Além disso, políticas de inclusão e diversidade implementadas por algumas empresas e governos têm contribuído significativamente para a ascensão das mulheres em carreiras anteriormente dominadas por homens. Programas de mentoria e incentivos para contratação e promoção de mulheres têm se mostrado eficazes em ampliar a representatividade feminina em diversos setores.
Embora o caminho para a plena igualdade ainda seja longo, é inegável que as mulheres têm conquistado espaços importantes em profissões consideradas masculinas. Com determinação, habilidades e apoio mútuo, elas têm mostrado que são capazes de se destacar em qualquer área e quebrar as barreiras impostas por estereótipos de gênero.
Quando Marta começou a jogar bola, seu nome sequer era conhecido por milhões de brasileiros que diziam amar futebol. Ela se tornou a maior jogadora da história da modalidade e, ainda assim, recebe menos do que a esmagadora elite de futebolistas masculinos.
Ela, no entanto, serviu como referência para uma nova geração. Ao marcar seu primeiro gol em uma Copa do Mundo, Ary Borges fez questão de dançar em homenagem à Marta, a quem chamou de sua “maior ídolo”. O trabalho a ser feito é garantir não só que novas Martas e Ary Borges possam surgir, como oferecer o apoio necessário para que essas mulheres alcem voos tão altos quanto qualquer homem.
