
Divulgada pelo IBGE no início de junho, a Pnad Educação, estudo que traça um panorama do sistema de ensino no Brasil, escancara a desigualdade que a educação brasileira ainda enfrenta.
Apesar do levantamento evidenciar a boa notícia de que, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira de 25 anos ou mais concluiu o ensino médio, o estudo traz à tona um antigo problema nacional: a desigualdade.
O abandono escolar é um dos sintomas da disparidade social. De acordo com a pesquisa, 40% dos jovens deixam os estudos por necessidade de trabalhar. Falta de acesso ao transporte e a dificuldade financeira, muitas vezes, força esses jovens a abandonarem a escola para complementar a renda da família.
Além dos desafios estruturais, há ainda complexidades relacionadas à aprendizagem e ao interesse dos alunos pela escola que, segundo pesquisa do Ipec feita em 2022, não se mostra satisfatória ao sinalizar que 38% dos estudantes avaliam a escola como desinteressante.
Esse breve panorama atual da educação brasileira nos propõe uma reflexão acerca da urgência de despertarmos enquanto nação para, enfim, sairmos dessa condição. Afinal, não existe país no mundo que avance, social e economicamente, sem considerar a educação como parte fundamental no enfrentamento, tanto da desigualdade, quanto no fortalecimento de sua identidade cultural e, principalmente, na oferta de oportunidades para seus cidadãos.
Esse argumento que conecta educação e desenvolvimento não é novidade. Segundo estudos, há esforços desde a década de 1960 a fim de estimar os retornos econômicos de uma nação considerando os investimentos feitos no setor.
O desafio é imenso e, quando abordado, geralmente é conectado a uma ideia voltada para uma perspectiva de futuro – válida e importante – mas a provocação que faço diz respeito a ações sólidas e estratégicas, que sejam aplicadas hoje para que possamos colher no futuro algum bom resultado. Para isso, há que se ter compromisso e, principalmente, vontade política para que o processo de ensino e aprendizagem aconteça.
E, nesse sentido, não será preciso inventar a roda. Há evidências que sinalizam caminhos seguros para que avancemos rumo a uma educação de qualidade. Entre eles, essencialmente olhar para uma figura central que conhece como ninguém os desafios da sala de aula: as professoras e os professores.
Por meio desses profissionais, bem formados e capacitados, daremos como país, largos passos em direção à qualidade. E, para que a escola seja um lugar que crianças e jovens queiram frequentar, é preciso valorizar os professores, porque são eles que irão, num fluxo de troca de saberes, preparar os estudantes para os desafios de um mundo dinâmico e complexo.
Desenvolvimento efetivo não é apenas o econômico, é desenvolvimento inclusivo, ou seja, aquele em que todos têm a chance de aprender e de prosperar.