
Os Estados Unidos podem estar próximos de não ter mais dinheiro para pagar seus credores e ser forçado a aplicar um calote (default). As consequências para isso repercutiriam na economia global como um todo, mas diversos agentes do mercado vem alertando quanto a isso.
“Por incrível que pareça, existe um temor crescente de que os Estados Unidos venha a dar um default [calote] na sua dívida”, disse o CEO da Kilima Asset Management, Alexandre Mathias, em vídeo obtido com exclusividade pela BM&C News. O executivo esteve em Washington para as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O perigo levantado não é novo, mas tem tido pouca repercussão fora dos EUA. Em janeiro, o governo federal atingiu o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões. Isso forçou a secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, a tomar “medidas extraordinárias” para evitar inadimplência.
Assim como Yellen destacou ao Congresso no começo do ano, Mathias disse que é possível que isso aconteça na metade deste ano, entre junho e agosto, se uma solução não foi encontrada.
A principal solução para o caso, que está em discussão no Congresso dos EUA, é a elevação do teto da dívida. O CEO da Kilima disse que “uma escaramuça político-partidária está impedindo um acordo que amplia o teto dos gastos”.
As negociações estão enfrentando forte resistência, principalmente por parte de Republicanos mais radiciais. Uma das exigências é que o governo realize alguns cortes nos gastos, mas os Democratas se recusam a fazê-lo.
Até o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que costuma guardar opiniões para si, enfatizou em sabatina no Senado dos EUA da necessidade de se aprovar tal acordo.
“O Congresso realmente precisa elevar o teto da dívida. Essa é a única saída que permitirá que paguemos todas as nossas dívidas. Se falharmos nisso, as consequências são difíceis de prever, mas podem ser muito adversas”, afirmou Powell, em março.
O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), alertou que, se o limite da dívida não for aumentado ou suspenso, e o governo não puder pagar suas obrigações integralmente, o Tesouro precisará atrasar alguns pagamentos, inadimplir suas obrigações de dívida, ou ambos.
Consequências de um calote dos EUA
Conforme afirmou Mathias, as consequências de um calote por parte dos Estados Unidos poderá afetar a economia global como um todo.
“Se, até lá, a questão não for resolvida, existe, sim, um risco muito sério no mercado de dívida americana. Com repercussões para os investimentos no mundo inteiro porque isso vai afetar o preço mais importante da economia mundial, que é a taxa de juros de 10 anos“, comentou.
O economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius, disse à CNN internacional que mesmo um quase “default” poderia causar uma recessão, bem como turbulência nos mercados financeiros.
*Com colaboração de Felipe Nascimento