
O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (22) que optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, conforme reportou o Banco Central. É a quinta reunião consecutiva que o Comitê opta pela manutenção da taxa.
“O Comitê entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”, afirmou a autarquia, no comunicado oficial.
A decisão já era esperada pelo mercado financeiro. De acordo com o último Relatório Focus, que reúne a projeção de economistas, a expectativa é que os juros encerrem o ano em 12,75%.
O BC seguiu com o aviso dos últimos comunicados de que se manterá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta: “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
Recentemente, o governo vem pressionando o BC a iniciar o corte dos juros. O presidente Lula já criticou diversas vezes o atual patamar da Selic, que chamou de “vergonha”. O chefe do Executivo também afirma que o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, não tem compromisso com a lei de autonomia do Banco Central.
O comunicado do Copom mostrou uma sinalização positiva ao governo, afirmando que a reoneração dos combustíveis reduz a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo.
Por outro lado, o Comitê também destacou que a conjuntura econômica, “marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos”, demanda maior atenção na condução dos juros.
O Banco Central também seguiu os passos do Federal Reserve e comentou sobre a situação bancária global logo no início do comunicado. “Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”, afirmou o BC.
A ata desse último encontro do Copom será divulgada na próxima terça-feira (28). A próxima reunião do Comitê está prevista para os dias 2 de 3 maio.
Meta de inflação
Para 2023, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior, 4,75%. Segundo a Agência Brasil, os analistas de mercado consideram que o teto da meta será estourado pelo terceiro ano consecutivo, a menos que o governo eleve a meta, como tem sido sugerido pela equipe econômica.
O último Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou variação de +0,84% em fevereiro deste ano. Com isso, no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação brasileira chegou a 5,60%, ante os 5,77% registrados em janeiro.