A equipe da Itaú Asset, braço de gestão de recursos do maior banco privado do país, mostrou preocupação com os desdobramentos políticos/econômicos em sua carta mensal aos cotistas referente a dezembro.
Os gestores do fundo Itaú Artax apontaram que no mês passado, os dados econômicos ficaram em segundo plano, ofuscados pelo noticiário político, em especial o relacionado à formação do novo governo em seus principais postos e às indicações de política econômica.
Eles apontam que as primeiras ações do governo eleito foram na direção contrária ao ajuste fiscal, com aprovação da chamada “PEC de transição”, com um custo estimado de R$145 bilhões, e a prorrogação das desonerações sobre combustíveis, que custam R$50 bilhões ao ano.
“Ao mesmo tempo, o recém empossado Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no campo das promessas, busca transmitir um discurso de responsabilidade fiscal, aparentemente sem sucesso, a julgar pelo comportamento da curva de juros”, afirmam.
A situação fiscal do país segue entre as principais preocupações do mercado, já que o endividamento público continua em níveis altos.
“Não se tem detalhes sobre como o Governo pretende desenhar a futura regra fiscal, bem como se uma eventual reforma tributária trará um aumento relevante na arrecadação”, aponta a equipe de gestão. “Com isso, as expectativas de inflação para diversos prazos passaram a subir”, continua o texto.
Segundo os gestores, todos esses desdobramentos trazem riscos para a condução da política monetária que, mesmo já operando com juros reais elevados, pode ter dificuldade no atingimento da meta de inflação.
“Soma-se a isso outras indicações negativas de política econômica (maior participação de bancos públicos no crédito – provavelmente subsidiado –, fim da agenda de privatizações, enfraquecimento da Lei das Estatais e da reforma trabalhista etc.), todas já testadas no passado. O resultado foi (e deve voltar a ser) baixo crescimento, inflação alta, juro elevado e aumento do endividamento público”, alerta a equipe do Itaú Artax.