
O Nubank (NUBR33) anunciou que decidiu dar início ao processo de descontinuidade de seu programa de BDRs Nível III no Brasil. Para o estrategista-chefe da SaraInvest, Marco Saravalle, isso mostra uma falha na governança corporativa da fintech.
“Eu fico com a percepção de que estamos dando passos atrás em relação à governança corporativa e o alinhamento. Será que todos os acionistas estão alinhados? Eu acho que não”, comentou o especialista durante transmissão ao vivo da BM&C News.
Na época, a SaraInvest emitiu um relatório com a posição de não participação da abertura de capital da fintech, especialmente por conta da precificação dos papéis. Apesar de acreditar que o banco é disruptivo e vanguardista, depois da abertura de capital, Saravalle pontuou que percebeu falta de entrega e alinhamento, sobretudo com os acionistas minoritários.
“É um banco que, se fizesse alguns ajustes, estaria dando alguns milhões de lucros, mas é pouco para o valor de mercado, pouco para o patrimônio do banco, enquanto isso, a remuneração de grandes executivos estão sendo super bem pagos, mas o banco ainda não mostra rentabilidade”, comentou.
O que vai acontecer com os acionistas de Nubank?
Segundo a avaliação de Saravalle, os correntistas de Nubank terão de decidir se trocam as atuais ações – BDRs – no Brasil , por uma outra listagem de BDR, onde terão a opção de receber isso por meio de ações.
Com isso, o estrategista destacou que, caso queiram receber, talvez tenham de abrir conta em uma corretora americana, como a Avenue, para ter acesso à ação.
“Se a decisão do acionista for de receber esse recurso financeiro, caso, por exemplo, ele tenha comprado uma oferta a R$ 12 e que agora está em R$ 4, quem vai querer?”, questionou.
Dessa forma, Saravalle explicou que a percepção de governança pode não ser a mesma para todos os acionistas e, com isso, faltou educação financeira.
“Eu, como analista, tenho a percepção de estarmos dando passa atrás, porque utilizaram, de certa forma, essa pulverização com acionistas brasileiros, poderia ter feito somente lá fora. Foi feito muito marketing em relação a esses NuSócios”, avaliou.
Contudo, Saravalle disse que talvez esse seja um dos principais motivos das ações se desvalorizarem tanto desde o IPO.