
Horas após o grupo Talibã tomar o poder na capital Cabul, os Estados Unidos anunciaram o envio de soldados americanos para o Afeganistão. A missão dos soldados será proteger o aeroporto de Cabul, onde ocorrem tumultos e aglomerações de moradores tentando deixar o país. As tensões no Afeganistão já começaram a impactar os mercados. Na manhã desta segunda-feira (16), as bolsas mundiais registraram quedas refletindo as implicações geopolíticas no país.
Na China, a segunda maior economia do mundo, dados abaixo do esperado para a produção industrial foram divulgados e também impactaram as bolsas. Os dados indicaram alta de 8,5% nas vendas no varejo na comparação anual, abaixo da expectativa de 11,5% de analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters. Além disso, os principais índices da Europa e dos Estados Unidos também registram quedas nesta segunda-feira.
Segundo o estrategista de investimentos, Marco Saravalle, com as tensões geopolíticas no Afeganistão a semana começa com corrida para proteções nos mercados mundiais.
“A gente já acorda hoje com mau humor, desde o final de semana, a gente já teve outras notícias negativas que impactam o mercado, já teve dados vindos da China abaixo das expectativas. Mas com certeza as tensões no Afeganistão também trazem preocupação adicional. Acho principalmente em relação as possíveis tensões geopolíticas. A gente teve um governo do Trump com bastante oscilação em relacao a esses temas, principalmente ao “trade war”, a guerra comercial entre Estados Unidos e China. E agora parece que realmente pode ser que volte esse tema”, reforça Saravalle.
Relação China X Talibã
Nesta segunda-feira, a China disse que deseja manter “relações amistosas” com o grupo extremista Talisbã. O país tem uma fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão e já negocia com o Talibã desde 2019. A porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, afirmou em comunicado que “respeita o direito do povo afegão a decidir seu próprio destino e futuro e deseja seguir mantendo relações amistosas e de cooperação com o Afeganistão”. De acordo com Marco Saravalle, esse assunto pode provocar uma forte aversão ao risco.
“A gente tem uma recuperação econômica da China mais forte, mais acentuado, que vem fazendo com que o país asiático ganhe espaço na força econômica e na força militar também. Inclusive as últimas noticias que tivemos é que a China, entre aspas, reconhece também o novo governo e, a princípio, mostrando também uma polarização em relação ao poder americano, em relação ao governo americano. Então acho que esse assunto ele não é, de certa forma, divisor de águas, não é o que vai decidir no curtíssimo prazo, mas com certeza é mais um assunto que pode deixar aversão a risco maior, diminuir um pouco o apetite a risco, e trazer alguma volatilidade para as bolsas mundiais”, afirma Saravalle.